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Negócio

Terceira medicina

Na chamada terceira medicina, a medicina corretiva, que começa a florescer e já trazer seus primeiros e revolucionários resultados, a que permite corrigir, geneticamente, os eventuais erros que a natureza comete, não mais esperando para curar, mas antecipando-se e corrigindo e eliminando por completo as doenças, e que nasce a partir da conquista do genoma humano de 2003, a geneticista e pesquisadora da USP, Mayana Zatz, é uma dos expoentes. Acaba de lançar um livro onde fala especificamente sobre como poderemos viver mais e com melhor qualidade. Além das conquistas da medicina corretiva, o que mais podemos fazer. Mayana Zatz coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da Universidade de São Paulo. E o livro, em parceria com a jornalista Martha San Juan França, é “O Legado dos Genes”. Concedeu entrevista à Ana Lucia Azevedo de O GLOBO, e agora faremos uma síntese de suas manifestações mais importantes. E do maior e total interesse de todos nós. ‒ Mayana explicou por que envelhecemos? ‒ “Além de outros fatores, o envelhecimento começa nas células. À medida que se dividem, o DNA – material genético – pode sofrer quebras. Os jovens têm bons mecanismos de reparo. Os mais velhos, não”. ‒ Sobre a incidência do câncer ‒ “Na medida em que se dividem, as células vão acumulando mutações. Algumas, ofensivas. Como o câncer. Por essa razão é que o câncer é mais comum na velhice. É o organismo, com o passar do tempo, perdendo a capacidade de reação…”. ‒ Sobre a causa do envelhecimento ‒ “o envelhecimento está relacionado a uma dúzia de genes, e uma série de outros fatores. Alimentação, atividade física, estresse, saneamento, acesso aos serviços de saúde…”. ‒ Se estresse é só negativo, Mayana, disse … “Não, um pouco até que é positivo. Mas quando começa a tirar o sono é um problema preocupante…”. ‒ Sobre o segredo para se envelhecer com saúde ‒ “Manter a alegria de viver. Não é a velhice que nos torna chatos. São os chatos que também envelhecem. Os centenários são pessoas de bem com a vida e prezam relações familiares e sociais…”. ‒ E a respeito do Brasil, um País miscigenado, e o efeito em sua população ‒ “A maior parte dos estudos internacionais sobre genomas concentram-se em populações de origem europeia, 80% das amostras globais. O Brasil tem uma miscigenação única. Assim, não necessariamente, as descobertas feitas por outros países têm o mesmo significado por aqui. Nós estudamos o genoma de 1.200 pessoas com mais de 60 anos, a maior amostragem da América Latina. Descobrimos o assombroso número de dois milhões de variantes genéticas inéditas…”. Essa é Mayana Zatz, cientista, 75 anos, uma mulher bonita, que se cuida, e com muitos planos e ambição pela frente. E assim, inevitável a jornalista Ana Lucia Azevedo não lhe perguntar sobre os cuidados que toma para envelhecer bem. Mayana responde: “Nunca parar. Estou o tempo todo envolvida em novos e antigos projetos. Cuido da minha vida familiar e social, adoro estar com os meus filhos e netos. E também não deixo de lado a atividade física. Caminho cinco quilômetros todos os dias, e isso me ajuda a encontrar respostas para problemas, a ter novas ideias…”. O que todos deveríamos fazer, sempre.
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