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Arenas, o boliche da vez

Os mais novos não se lembram, mas, e de uma única casa onde se praticava o boliche, na cidade de São Paulo, do dia para noite, entre 1963 e 1969, abriram mais de 100. Menos de 10 anos depois dois terços tinham fechado as portas, e o terço sobrevivente tinha dificuldades de parar em pé. Não e apenas os pinos, as casas de boliche… Depois vieram as iogurterias, paleterias, e outros modismos que foram ficando pelo caminho. Agora, a bola da vez, ou a onda são, as Arenas! De uma única ARENA de megassucesso, a do Palmeiras, a Allianz, o Morumbi acabou convertendo-se em arena, também, com algumas adaptações, o mesmo acontecendo com o estádio do Corinthians, mais alguns meses com o Pacaembu, e agora acaba de ser anunciado que o Canindé, também, se converterá numa Arena. São Paulo comporta, em menos de 20 anos, cinco arenas? Certamente não, por maior que seja a população da cidade, e por mais que parte de seus moradores, até agora, tenham revelado grande apreço pelos shows de suas bandas e cantores preferidos, e outros derivativos. Mas, e assim, e uma vez mais, o perigo das coisas não darem certo no Brasil e muitos correrem atrás e descobrirem que o suposto pote de ouro não tinha tanto ouro assim… É como as coisas funcionam, como a cabeça das pessoas “raciocinam” e, daqui a 10 anos, dessas cinco arenas, três, de forma alternada, permanecerão vazias… Não obstante todas as lições recentes, empresários e profissionais repetem os mesmos erros, e ingressaremos na próxima década com notícias sobre uma mais que certa “Crise nas arenas…” Como ensinou o filósofo George Santayana, “aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, ou, na versão do filósofo Edmund Burke, “Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la.”
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Eficiência e Eficácia

Atendendo a pedidos voltamos a falar sobre as diferenças radicais, extremas, entre Eficiência e Eficácia. Não é raro, pessoas, jornalistas, escritores, políticos, continuarem usando as palavras eficiência e eficácia como se fossem sinônimos. São parecidas, têm a mesma etimologia, mas são antônimos, com significados completamente antagônicos como nos ensinou, nosso adorado mestre e mentor, Peter Drucker. O que todas as empresas, equipes, organizações, orquestras, times, conjuntos, deveriam perseguir obstinadamente, é a Eficácia – fazer certo exclusivamente as coisas certas. E, jamais, a eficiência, fazer certo todas as coisas. Pela simples razão que é impossível fazer-se certo todas as coisas. Quem tenta fazer todas as coisas jamais termina, ou, quando termina, o prazo foi mais que ultrapassado e a realização é inócua, irrelevante, inútil. No ano passado, por exemplo, e ao anunciar na primeira página de seu caderno de esporte a vitória do Palmeiras sobre o Flamengo, O Globo disse: “O Tri da eficiência. Mais eficaz, Palmeiras aproveita falhas e conquista a libertadores de novo.” Isso posto, o Tri jamais é o da Eficiência, e sim, e sempre, da Eficácia. Segue a vida, mas todos nós, empresários e profissionais temos que ter mais que presente sempre essa aula magna de Drucker para não permanecermos parados pelo caminho, vida, negócios, sucesso. Eficácia, sempre; eficiência, jamais. Repetindo, de que adianta fazer todas as coisas no mínimo detalhe e precisão, e perder o trem, o avião, o encontro, o negócio, a vida? Ser sempre eficaz. Fazer exclusivamente certo as coisas certas. Aquilo que é essencial. Isso posto, elimine a palavra eficiência de seu vocabulário, é uma inutilidade. Persiga obstinadamente a eficácia. Concentre todo o seu tempo, energia, competência, conhecimento em ser exclusivamente eficaz – fazer certo as coisas certas.
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Sem sorte melhor mesmo nem sair de casa

Futebol não é a vida e nem o ambiente de negócios, mas, possibilita ótimas reflexões sobre a importância da sorte e das circunstâncias em nossas vidas. José Ortega y Gasset, filósofo e jornalista espanhol, foi definitivo e irretocável quando disse, “Eu sou eu mais as minhas circunstâncias”. E é isso mesmo. Nós somos nós, mas nada somos sem as nossas circunstâncias. As circunstâncias que arredondam, dão sentido, somam e exponenciam nosso conhecimento, talento, virtude e métodos. E assim, mesmo em situação de evidente inferioridade, cumpre-nos fazer a nossa parte e contar, sempre, com o sopro, vento, empurrão, apoio de nossas circunstâncias. Em menos de dois anos, um time de futebol, que circunstancialmente é o que a maioria torce, aqui na Madia, o Palmeiras, carregado de merecimentos, tem sido agraciado por ventanias monumentais das circunstâncias. Ganha quando precisa ganhar e perde quando pode perder. Na principal decisão do continente, saiu-se vencedor com um gol de um jogador improvável que entrou no meio do jogo, marcou o gol, o gol do campeonato, e nunca mais teve qualquer outra atuação referencial. Meses atrás, numa mesma decisão, depois de ter vencido um adversário sob todos os ângulos melhor e favorito, foi para uma final sem grandes possibilidades, mas carregado de esperança, e apostando uma vez mais na força das circunstâncias. E não deu outra. Numa única falha de um jogador adversário, o jogador mais criticado pela própria torcida do Palmeiras nos últimos três anos, de novo, um jogador improvável, fez o gol do campeonato. E provavelmente, nunca mais fará nada de relevante. Assim é a vida. Ortega y Gasset mais que carregado de razões, e isso é rigorosamente válido para nossos negócios. Dar e fazer o melhor sempre, mas contar com o ventinho, assopram ou ventania da sorte, que por hábito, privilegia e favorece os que cumprem os deveres e seguem os fundamentos. A, e como o técnico português do Palmeiras, uma pessoa quase que insuportável de tão chato que é, mas que jamais joga a toalha por menores que sejam as possibilidades. E aí o segundo aprendizado. Primeiro, sorte não é tudo, mas ou é quase tudo, ou é muito importante, as vezes decisivo. E, segundo, desde que você não desista antes e siga até o final. Repetindo, sorte não é tudo, mas é quase tudo.
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Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 01/04/2022

SEM SORTE, MELHOR NEM MESMO SAIR DE CASA. Gasset disse, “somos nós e nossas circunstâncias”. E nossa expectativa é que conspirem a nosso favor, sempre. ABEL, o técnico do Palmeiras, conta sempre com os ventos das circunstâncias, e a sorte de um jogador improvável. Não desiste, jamais. Isso posto, sorte sempre, e jamais jogar a toalha.
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A Segunda morte de Paulo Machado de Carvalho

Desde que cheguei de Bauru, eu, Francisco Madia, fui morar em Higienópolis. Comecei pela Rua São Vicente de Paula, depois casado, Martim Francisco, Sabará e hoje Bahia. Durante anos, num determinado momento do dia, testemunhava um avô indo levar e buscar seu neto na escola, num lindo e gigantesco Chevrolet. Era o Dr. Paulo Machado de Carvalho, cuidando de seu neto, Paulo Machado de Carvalho Neto. O Paulito. Cenas de Higienópolis, anos 1950/1960. Dr. Paulo, e o Paulito. Depois de uma obra empresarial espetacular na radiodifusão de nosso país, Dr. Paulo deu um jeito no irresponsável e inconsequente futebol brasileiro. Deu uma ordem na bagunça. E as conquistas foram se sucedendo. Mais que merecidamente, teve seu nome escolhido para rebatizar uma das obras antológicas da cidade de São Paulo, e do futebol em todo o mundo, o Estádio Municipal do Pacaembu. No dia 27 de abril de 1940, foi inaugurado o então Pacaembu, com a presença de Getúlio Vargas, presidente da república, do interventor Ademar de Barros, e do prefeito Prestes Maia. Mais de 50 mil pessoas presentes, e pela primeira vez o registro do que caracterizaria o futebol brasileiro para sempre. A vaia. Getúlio foi vaiado pela maioria dos presentes. Primeira partida da história do Pacaembu, Palestra Itália e Coritiba. Vitória do Palestra por 6 a 2, e o primeiro gol do Pacaembu, assinado por Zequinha do Coritiba. Dias depois, 4 de maio, o primeiro Palestra x Corinthians. Vitória do Palestra por 2 a 1. Nesse mesmo Pacaembu, anos depois, vi o melhor jogo de futebol de todos os tempos, Palmeiras e Santos. E olha que assisti todos os jogos do Pelé no Baquinho, na cidade de Bauru, e onde as contagens eram estratosféricas… Esse Santos e Palmeiras aconteceu na noite de 6 de março de 1958, torneio Rio-São Paulo, e na arbitragem João Etzel Filho. Palmeiras 1 x 0 (Urias). Santos 1 x 1. (Pelé). Santos 2 x 1. (Pagão). Palmeiras 2 x 2 (Nardo). E aí uma espécie de massacre… Santos 3 x 2 (Dorval), Santos 4 x 2 (Pepe), Santos 5 x 2 (Pagão) Termina o primeiro tempo. 5 a 2 para o Santos. Na quarta anterior o Palmeiras começou perdendo e virou sobre o Vasco. No domingo aconteceu o mesmo e virou sobre o Fluminense. A torcida não perdia as esperanças. Começa o segundo tempo. Palmeiras 3 x 5 (Paulinho), Palmeiras 4 x 5 (Mazzola), Palmeiras 5 x 5 (Mazzola), Palmeiras 6 x 5 (Urias). A torcida do Palmeiras não acreditava no milagre. Que durou pouco. Santos 6 x 6 (Pepe), Santos 7 x 6 (Pepe). E Edson Leite, na Bandeirantes, urrava, “Milagre no Pacaembu. O maior espetáculo jamais visto em toda a história do futebol…”. Isso posto, e feito o intervalo no meu comentário para celebrar o dia em que o futebol viveu sua maior epifania, volto a uma mais que merecida homenagem. Pelas contribuições inestimáveis e definitivas dadas ao futebol brasileiro, com todas as razões e merecimentos, o Dr. Paulo Machado de Carvalho passou a ser a denominação oficial do Pacaembu. No ano de 1961, e em decreto da Prefeitura Municipal de São Paulo. Paulo Machado de Carvalho, um pequeno grande homem, de verdade, um gigante, formado em direito pela São Francisco, morreu pela primeira vez no dia 7 de março de 1992, aos 90 anos de idade. No dia 16 de setembro de 2019, o Estádio Dr. Paulo Machado de Carvalho foi privatizado. Venceu a licitação o consórcio Patrimônio, e assim serão os próximos 35 anos. E meses atrás, outubro de 2020, li nos jornais que uma empresa, “a Allegra Pacaembu”, que no mês de janeiro assumiu a gestão do complexo esportivo, contratou a XP Investimentos para a estruturação financeira do negócio e a coordenação e venda do “naming rights”. Conclusão, constrangidos, registramos a segunda morte anunciada do Marechal da Vitória. É isso mesmo? Uma conquista de proporções monumentais e que mudaram para sempre e para melhor a história do futebol brasileiro, com uma justa e decorrente homenagem, resiste poucas décadas?… Olho agora para a fotografia do velho e querido estádio. Está lá, como dizem os portugueses. No alto, em baixo do relógio, e acima das colunas da estrada, escrito, Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. É isso mesmo que estou entendendo? Vão tirar o nome do Dr. Paulo do velho e querido estádio? É possível vender-se duas vezes uma mesma denominação? É possível pedir de volta o que foi concedido por total justiça e merecimento? Você compraria o naming rights decorrente de um suposto estelionato?
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