Tag: Pandemia

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Roche, o exemplo

Não nos lembramos, consultores da Madia, e, nos últimos tempos, de termos nos deparado com uma empresa que tenha verdadeiramente compreendido e reagido, positivamente, aos megadesafios que hoje estão colocados diante de todas as empresas, e a partir do tsunami tecnológico. O nascimento do segundo tempo da história da humanidade, nos negócios, e das empresas. Não é suficiente corrigir, remediar. Tem que se reinventar, recriar, renascer, e abrir mão de certezas e de quase tudo em relação ao passado. Tem que revolucionar! Em matéria de excepcional qualidade, assinada pelo Hugo Cilo em IstoÉ Dinheiro, a Roche, a maior empresa de biotecnologia do mundo, escancara o reposicionamento de todo o seu negócio, e a decorrente disrupção e reconstrução de toda a sua estrutura. A Roche foi fundada no ano de 1896 por Fritz Hoffmann-La Roche, que sonhava em criar e produzir fármacos de qualidade e eficácia comprovada. Em 2022, completou 90 anos de Brasil. E Cilo abre sua referencial matéria com a declaração do suíço Patrick Eckert, que comandava a operação no Brasil, meses atrás afirmando, “tudo vai mudar!”. E está mudando. Fechou o antigo prédio do Jaguaré onde funcionou por 50 anos, neste momento nem endereço a empresa tem, uma nova sede em construção na Avenida das Nações Unidas. Reitera Patrick, aspas, “Decidimos por uma reviravolta para transformar a empresa internamente; e, mais ainda, por fora!” Uma espécie de Manifesto para os próximos anos da Roche. Antes de entrarmos no detalhamento da reinvenção da Roche, alguns dados. Faturamento global em 2020 de US$62,3 bi, presente em 150 países, 94 mil funcionários em todo o mundo, R$4,38 bi de faturamento no Brasil, sendo R$3,4 na divisão Farma; R$674 mi na divisão Diabetes, e R$308,9 mi na Diagnóstica. -A pandemia deu o empurrão final… Disse Patrick, “Já vínhamos desde 2019 promovendo ajustes na companhia. A pandemia, acelerou. Questionamos o modelo tradicional da indústria e a forma como nos relacionamos com os clientes. Esse modelo não é sustentável. Nossos representantes estavam dando muito foco ao médico e pouco aos pacientes…”. -Primeiros resultados da mudança “Muito bons em termos econômicos, e com a pandemia, tivemos ganhos espetaculares de eficácia. Em busca de zero desperdício principalmente de recursos públicos, como também, de pagamentos privados”. É isso, amigos. Como é possível reinventar-se um gigante. Roche, uma lição para todas as demais empresas de todos os setores de atividade.
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O Brasil na rua, ou, o Brasil das ruas

De uma forma mais elegante decidiu-se chamar as pessoas que moram e vivem na rua de pessoas em situação de rua. Legal, já não é fácil e assim nada como um pequeno gesto de respeito. As pessoas de verdade, com raras exceções, não moram na rua porque querem. Moram porque não têm onde morar e assim não se trata de uma decisão, mas de uma decorrência. Portanto, melhor e mais verdadeiro, dizer-se dessas pessoas que se encontram em situação de rua, e alimentando a esperança que em algum momento voltarão a ter um teto para elas e para suas famílias. No ano passado foi divulgado um dado sobre os brasileiros em situação de rua. Brasileiros e alguns estrangeiros que fugiram ou refugiaram-se no Brasil. Os dados são de responsabilidade do Ministério da Cidadania. Em janeiro de 2020, 60 dias antes da eclosão da pandemia, 140.199 famílias encontravam-se em situação de rua. A partir de março os números foram crescendo. 144 mil em maio, 151 mil em outubro. Aí um respiro, algumas famílias encontraram abrigos, e em novembro o número caiu para 145 mil. Mas voltou a subir. E alcançou em meados de abril de 2022 – 154.794 famílias. E há 4 meses, dezembro de 2022, o número saltou para 281.472. Objetivamente, e por alguns meses, a pandemia intensificou as dores das pessoas em situação de rua, mas, as razões da permanência desse tipo de comportamento e alternativa de vida, são de outra ordem e mais profundas que a pandemia, e demandariam um conjunto de medidas de médio e longo prazo. E o desafio não é exclusivamente nosso, Brasil. Em todas as grandes cidades do mundo pessoas em situação de rua, em maior ou menor intensidade é uma realidade. E a principal razão é de ordem econômica, embora outras razões persistam. Pessoas preferem “morar” próximas do lugar onde conseguem fazer algum dinheiro, como ambulantes; ou, conseguir alguma comida, encontrar uma forma de tomar banho e resolver outras necessidades, do que ir e vir todos os dias passando parte do tempo espremidas em conduções lamentáveis… Salvo exceções, pessoas preferem viver, ainda que precariamente, onde a vida acontece. Apenas isso.
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Depois da covid, burnout!

Definitivo. Guardadas as devidas proporções a nova pandemia já em andamento é a do burnout. Um tipo de pandemia decorrente. Decorrente do estilo de vida das pessoas de décadas para cá, estilo esse agravado pela covid-19. No início dos anos 1970, mais precisamente em 1974, e tendo como referência ele próprio, o que sentia e vivia, Herbert Freudenberger autodiagnosticou-se com a Síndrome de Burnout, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, 35 anos depois, em 2019. O burnout revela-se pela insegurança, sentimento de fracasso extremo, esgotamento físico e mental, decorrente de situações de trabalho em todas as dimensões. Uma espécie de estresse empoderado… Gerando inapetência, fracasso, dor de cabeça frequente, insônia. Mais comuns nas pessoas em posições de gerência, diretoria, comando nas empresas… E assim seguia a vida e veio a pandemia. Até saírem os resultados de uma primeira grande pesquisa realizada pela McKinsey e pela organização Leanin. Tudo muito mais grave e a situação se complica. Aumento generalizado em sua incidência, e maior ainda nas… Mulheres. Em pesquisa semelhante realizada nos anos de 2019 e 2020, detectou-se sintomas da Síndrome de Burnout em 32% das mulheres entrevistadas, e 28% dos homens. Na pesquisa de 2021, de 28% de incidência nos homens, subiu para 35%. Já nas mulheres, o salto foi de 32% para 42%. 7 pontos percentuais a mais nos homens, e 10 pontos percentuais nas mulheres. Ou seja, escalando… Assim, todas as empresas, na chamada volta aos escritórios, defrontando-se com um desafio adicional. De parcela expressiva de seus principais colaboradores em posição de chefia, considerando uma revisão radical em suas vidas. E que não é mais saberem se querem seguir trabalhando presencialmente, ou, a distância… É se querem seguir trabalhando no que faziam antes da pandemia… E essa manifestação nova, para muitos negócios e empresas, é simplesmente devastadora… Pessoas renunciando, deixando o barco, desistindo…
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Sobreviventes realizando os prejuízos, ou três anos cancelados…

No final de 2022, fizemos um primeiro balanço da devastação decorrente da pandemia. Naquele momento, escrevemos, “em decorrência da pandemia, centenas de milhares de negócios fecharam suas portas para sempre”. Nada mais a fazer. Muitos ainda definham. E a maioria, ainda cambaleante, tenta retomar o ritmo em que vinham até o final de 2019. Assim, e agora, com a pandemia aparentemente sob controle, com o comércio voltando a funcionar, a maior curiosidade é sobre em que patamar as atividades retornariam. Os números ainda não são definitivos, mas, as fotografias tiradas revelam que esse novo nível é mais ou menos, dependendo do tipo de atividade, entre 10% a 20% menor do que eram antes da pandemia. E uma recuperação total só acontecerá, e se a economia reagir e melhorar, no final deste 2023. Existe um claro descompasso entre a recuperação do fluxo de pessoas pelas ruas e pela vida, que praticamente já aconteceu, com um correspondente volume em compras que não aconteceu. E enquanto não existir uma explicação melhor, é a de que, em maiores ou menores proporções, quase todos empobrecemos com a covid-19. É como se tivéssemos perdido entre três ou quatro anos de nossas vidas, e fôssemos retomar a partir de dezembro de 2018. Como se 2019, 2020, 2021, 2022, em tempos de cancelamentos, também tivessem sido cancelados. É assim que ingressaremos nos próximos meses de 2023. Não será fácil, mas, não temos outra alternativa que não seja arregaçar as mangas e retomar a vida. Como nos ensinou Gonzaguinha, “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor A chama em meu peito ainda queima, saiba, nada foi em vão A cuba-libre dá coragem em minhas mãos A dama de lilás, me machucando o coração Na sede de sentir, seu corpo inteiro, coladinho ao meu… E então eu cantaria, a noite inteira, como já cantei, cantarei, As coisas todas que já tive, tenho e sei, um dia terei A fé no que virá e a alegria de poder olhar pra trás E ver que voltaria com você, de novo, viver, nesse imenso salão Ao som desse bolero, vida, vamos nós, e não estamos sós, veja meu bem A orquestra nos espera, por favor! Mais uma vez, recomeçar…”. Bom dia, ótimo recomeço, e todos mais que arregaçando as mangas, e, fingindo que nada aconteceu… Ou quase nada por que fica difícil esquecer os que partiram… A pergunta que não quer calar. Será que desta vez, vamos, finalmente, construir um Brasil moderno e de verdade?
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Diário de um Consultor de Empresas – 08/03/2023

O primeiro balanço da devastação provocada pela pandemia em grande parte das famílias brasileiras.
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Juliana Azevedo, a torcedora da Portuguesa que comanda a Procter

Das 250 maiores empresas do País menos de 10 são comandadas por mulheres. E dentre essas menos de 10, a Procter, com a última ou penúltima torcedora da Portuguesa de Desportos. Juliana, 45 anos, formada em engenharia industrial pela USP e direito, pela PUC-SP, desde o mês de fevereiro de 2018 é a presidente da Procter & Gamble do Brasil. Por enquanto uma raridade, na medida em que menos de 10 mulheres comandam alguma empresa dentre as 250 maiores em nosso país. Primeira observação, e como comentamos com vocês exaustivamente quando a decisão patética foi tomada pela Procter. A decisão absurda da Procter & Gamble se rebatizar, de forma triste e medíocre de P&G. A grande empresa não merecia tamanha barbaridade. A melhor prova da decisão equivocada é que durante toda a entrevista em nenhum momento se falou P&G. Procter o tempo todo. Mas, a história, trajetória, carreira de Juliana Azevedo são inspiradoras. A começar pela sua formação, no mínimo estranha, engenheira e advogada. No caso de Juliana, mais que deu certo. Sua história de vida, também, reúne momentos e circunstâncias únicos, como, neta do português Manoel, era levada pelo avô para assistir os jogos do time que fundou, a Portuguesa. Segundo Juliana, e em entrevista à Daniele Madureira da Folha, “No final dos 1970, início dos 1980, eu era a única menina na arquibancada”. Até hoje Juliana adora futebol, e diz que isso facilitou muito seus anos e vida na Politécnica, e que lhe garantiu um maior trânsito com os “meninos”. Agora, uma síntese das manifestações de Juliana, Prioridades na pandemia – “Três prioridades dominaram nossas atenções. Segurança das pessoas, garantir o abastecimento, e ajudar comunidades vulneráveis. No tocante à segurança das pessoas, somos 4000 funcionários diretos sendo 1000 administrativos que continua em home office. A maioria trabalha nas fábricas e assim adotamos mais de 20 protocolos diferentes – desde como preparar a comida, até como higienizar e usar o vaso sanitário. No tocante ao abastecimento tivemos que aumentar o estoque de matérias-primas, seu gerenciamento, aumentar a negociação com fornecedores, identificar e descobrir novos fornecedores… No tocante às comunidades vulneráveis, desde o início da pandemia doamos mais de R$60 milhões em produtos e criamos a Aceleradora Social, uma plataforma em que pessoas, empresas e ONGs, podem submeter projetos que são acelerados com dinheiro, trabalho voluntário ou conexões. Na primeira etapa recebemos mais de 300 projetos relacionados à Covid, dos quais aceleramos 30…”.O baque na compra por impulso – a Procter tem alguns produtos nos caixas dos supermercados, e que, enquanto as pessoas esperam para pagar, acabam comprando. Com o crescimento das compras online essa possibilidade vem caindo… Juliana comenta sobre essa nova realidade, “De verdade, existe uma queda na chamada compra por impulso. O cliente passa pelo caixa do supermercado e se lembra que precisa levar a carga do Mach3, por exemplo. Mas a compra online demanda ferramentas diferentes. Tem pop-ups, combos programados a partir da experiência de compras das pessoas. De alguma forma temos procurado usar a ciência pra replicar esse comportamento de impulso no digital…”. Essa, Juliana Azevedo, 46 anos, no comando em nosso país de uma das principais, maiores e legendárias empresas de produtos de consumo no mundo do mundo. A Procter & Gamble, que nasceu em 1837, onde as empresas líderes eram as que tinham maior acesso a matéria-prima. E viveu todo o ciclo de evolução, passando pela industrialização, pelo advento da sociedade de serviços, pelo prevalecimento da ideologia, do marketing, e agora mais que preparada para preservar seu lugar de liderança e destaque de quase 200 anos, no admirável mundo novo que começa a nascer…
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Bebês de pandemia. Os nascidos entre março de 2020 a setembro de 2021

Segundo alguns psicólogos e demais estudiosos, existe uma geração definitivamente marcada em todo o mundo. Uma geração de um curto período de 18 meses. Os que nasceram e viveram seus primeiros meses numa bolha, distante dos demais seres humanos com raríssimas exceções. Os que gostam de batizar todas as gerações com denominações específicas, chamam esses muitos que nasceram nesses 18 meses de CORONIALS. Numa mesma casa dois irmãos. Um, Pedro, hoje com 5 anos, e outro, Manoel, com 2 anos completos. Quando Pedro nasceu foi uma festa. O mundo veio visitar seus pais, conhecê-lo e celebrar. Já quando Manoel nasceu só os avós e o irmão Pedro puderam vê-lo. Por poucos minutos. Exagerando, horas. Pedro precisou esperar mais de um ano para começar a brincar junto e a relativa distância. Em matéria de O Globo, assinada pela jornalista Constança Tatsch, alguns depoimentos de mães de um “bebê de pandemia”. “O meu primeiro filho teve muito mais contato com as pessoas. Vinham em casa, saíamos para passear quase todos os dias. Já com o segundo, só agora começo a receber as primeiras visitas e depois de tomar a segunda dose da vacina…”. De acordo com os neurocientistas, crianças pequenas além da presença dos pais, em especial da mãe e parentes próximos, precisa de estímulos. Quando isso não acontece o desenvolvimento é afetado. A convivência com mais pessoas revela quanto o universo e a vida são múltiplos… De verdade, as consequências dessa espécie de confinamento e ausência de vida só será sentido de forma mais consistente dois ou três anos depois. Muito especialmente pela falta de um convívio frequente e intenso com outras crianças. Pra piorar, e com os pais mais tempo em casa, e as crianças próximas, a exposição à televisão e outras telas é significativamente maior, que já não é bom em qualquer idade, muito especialmente na infância. É isso, amigos. Todos temos um encontro marcado, ao redor de 2040, com os moços de amanhã, crianças de pandemia, os tais Coronials.
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Demorou, mas chegou o american way of eat no Brasil

Ou seja, e se nada for feito, muito brevemente nos defrontaremos com uma epidemia de obesidade em nosso país. Os últimos dados disponíveis do IBGE ainda são de antes da Covid-19, ou seja, e na medida em que as pessoas passaram a ficar mais tempo confinadas, e a comerem mais “bobagens”, pode se calcular, com tranquilidade, um aumento entre 2% a 5% sobre os números divulgados. Mas, vamos aos dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Aquela velha e boa e tradicional comidinha brasileira vai ficando pelo caminho. Arroz, feijão, bife, salada… E frutas na sobremesa… Nos últimos 10 anos, a presença diária do arroz na alimentação básica do brasileiro caiu de 82% para 72%. E a do feijão, caiu de 72% para 59%. Semelhante comportamento aconteceu em relação a carne bovina – caiu de 43% para 34% – assim como o consumo de frutas – de 45% para 37%. Se tudo parasse por aí até que nada tão grave. Mas, não pararam, e no lugar, todas as vagas e um pouco mais foram ocupadas por, dentre outros, pizzas e sanduíches. Dos 10% que comiam regularmente esse tipo de produto, ou tinham esse tipo de alimentação, o salto foi para 17%. E agora, então, e com a pandemia, e mais os aplicativos, mais as dark kitchens, mais a angústia e medo, coloca sanduíche e pizza nisso. Mesmo e ainda não sendo uma fotografia perfeita, no mínimo sinaliza o que provavelmente aconteceu. Os dados disponíveis revelam a quantidade de brasileiros obesos saltou de 12,2% para 26,8% – em números absolutos são hoje 41 milhões de obesos, e 96 milhões com excesso de peso. Objetivamente, só lá por 2025 conseguiremos ter uma noção precisa de quantos quilos a mais, e em média, nós, brasileiros, agregamos a nosso peso em decorrência de uma trágica pandemia. Que deixou sequelas em todos os sentidos e dimensões, muito especialmente no tocante ao quesito obesidade.
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Diário de um Consultor de Empresas – 20/10/2022

MÉDICOS DE FARMÁCIAS CHEGANDO, como tenho comentado com vocês. Pelas mãos e iniciativa da líder de mercado, a RAIADROGASIL.
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A decadência dos necrológios e o adeus de Paulo Pompeia

Quando o mundo era menor, os meios de comunicação limitados, todas as pessoas de boa educação, a primeira coisa que faziam ao abrir o jornal era consultar a página de necrológios para ver se algum conhecido tinha partido. Durante anos, na rua São Vicente de Paulo, tinha um vizinho que dia sim outro também tocava a campainha de minha casa para comentar sobre os falecimentos. Como os assuntos eram poucos, como os programas sensacionalistas da TV praticamente não existiam, falar-se sobre mortes de pessoas públicas ou conhecidas rendia muito. Durante a pandemia, os necrológios dos jornais perderam o sentido porque os jornais viraram, em decorrência da pandemia, um necrológio só. Placar de contaminados, mortos, por cidades, estados, regiões, países, idades, sexos, não me lembro de algum outro momento que soubéssemos, ou tivéssemos à disposição tantas informações sobre a morte como naquele período. Mas, depois que a vacinação acelerou, o número de contaminação e mortes entrou em consistente declínio, e os necrológios, gradativamente, voltando ao que eram antes da pandemia. A ocupar um pequeno pedaço de página. Meses atrás, na Folha paramos para ler sobre a notícia do falecimento do Paulo Augusto Cruz (1948-2021). Velho conhecido de todos nós. Menos por todas as suas e demais atividades artísticas – foram muitas – mas pela sua presença na embalagem dos cigarrinhos de chocolate da Pan. Paulo Augusto, mais conhecido como Paulo Pompeia – cidade de Pompéia onde iniciou sua carreira no circo como palhaço Berinjela. Por sinal, o apelido que meus netinhos me deram pelo formato e tamanho de meu nariz. Paulo Pompeia não morreu de covid. Morreu do que sofreu a vida inteira, uma cardiopatia congênita. Além do circo, trabalhou na Globo, em novelas e Malhação; na Record, Turma do Gueto; na Cultura – Castelo Ra-Tim-Bum. Foi apresentador do Telecurso, e participou de filmes. E agora, ao partir, e de certa forma, recoloca os necrológicos em seu devido lugar, ¼ de página horizontal, ao pé de uma página par, a da esquerda. Um dia, um funcionário da Chocolates Pan foi assistir um espetáculo do falecido Circo Garcia. Gostou da performance do palhaço mirim Berinjela, ele, Paulo Pompeia… Os tempos passaram, deixou de ser elegante fumar, passou a ser temerário fumar, passou a ser quase suicídio fumar, e a Pan rebatizou seu cigarrinho de chocolate para rolinhos de chocolate, mas, como a pressão cresceu, virou lápis, Chocolápis… O dia em que os amaldiçoados cigarros viraram os prosaicos e abençoados lápis… Paulo Pompeia, Palhaço Berinjela, morreu sem colocar um cigarro na boca e detestava chocolate. Mas era a alegria da criançada… E dos adultos, também, nos velhos tempos dos circos.
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