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O Brasil inventa o “contrabando reverso”

Anos atrás o mercado de cigarros do Brasil – o tóxico e criminoso mercado de cigarros – era dominado pela Souza Cruz, com 70%, e demais empresas, 30%. Veio a Philip Morris, comprou todas as demais empresas e passou a deter os quase 30% restantes. E assim seguia a vida. E aí o Paraguai decidiu fabricar cigarros, e “exportar” – contrabandear – para o Brasil. Por aqui, o imposto ultrapassa os 90%, por lá, 18%. Conclusão, Souza Cruz e Philip Morris hoje somadas, que detinham a quase totalidade do mercado, hoje detêm apenas 51%. 49% já é dos contrabandeados do Paraguai. O governo paraguaio feliz que os brasileiros se matassem cada vez mais pelo vício do cigarro, e não fazendo absolutamente nada para impedir a fabricação de uma fraude em seu território. E assim seguia a vida. Porém, outros e mais espertos contraventores, inventaram o “contrabando reverso”. Fabricam no Brasil o cigarro paraguaio até então contrabandeado daquele país. E escapam do imposto de mais de 90% do Brasil, dos 18% do Paraguai, e isso mais que compensa os riscos envolvidos. Nos últimos meses algumas sofisticadas fábricas de cigarros paraguaios fabricados no Brasil foram “estouradas”, revelando o “contrabando reverso”. Desse jeito nosso velho e carcomido país não chegará a canto algum. Pedro Malan disse, tempos atrás, que “No Brasil até o passado é incerto”. Hoje a frase decorrente da prática é que “No Brasil, até os verdadeiros e bravos contrabandistas são passados para trás”. Ou, um País onde o crime não compensa. Não em decorrência da lei. Em decorrência de criminosos mais espertos…
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 11/08/2022

CONTRABANDO REVERSO. A mais nova invenção dos contraventores brasileiros.
Negócio

Cigarros, 50 anos depois

Nos anos 1970, quando a Philip Morris decidiu invadir o mercado brasileiro de cigarros, ainda não se tinha total consciência da devastação que o fumo faz na saúde das pessoas, e não existiam os cigarros contrabandeados das fábricas do Paraguai. O contrabando era exclusivamente das marcas internacionais, mas não existiam as marcas “made in Paraguai”. Naquele momento dos 100% do mercado, 70% eram da Souza Cruz (British American Tobacco), 15% Reynolds, e os restantes 15%, dividido entre a Sudan e duas dúzias de pequenas fábricas. A Philip Morris, que batia e humilhava a British American Tobacco em todo o mundo, pensou, vou para o Brasil e em pouco tempo assumo a liderança. E assim fez, chegou, comprou a Reynolds, lançou suas grandes marcas como Marlboro, comprou outras fábricas menores, e, se, conseguisse preservar a participação das empresas que comprou e nada mais acontecesse, hoje o tóxico mercado de cigarros em nosso país seria 70% Souza Cruz, e 30% Philip Morris. Mas, a realidade em 2019, fechados os números, é totalmente diferente. Primeiro, uma queda expressiva no número de fumantes pela consciência do veneno que é o cigarro. Mas, e mesmo assim, dentre os mortos pelo coronavírus, parcela expressiva é constituída de fumantes ou ex-fumantes. Conclusão, um mercado significativamente menor. Na briga específica entre Souza Cruz e Philip Morris, a Souza Cruz saiu-se muito melhor e se o mercado restringisse-se apenas as duas, a Souza Cruz teria o equivalente a 85%, e a Philip Morris 15%, ou seja, a arrogante Philip Morris teria perdido metade do que comprou. Mas não foi nesse sentido que o mercado evoluiu. No meio do caminho brotaram do nada as fábricas no Paraguai, que nasceram para abastecer o mercado brasileiro, tendo como absurda vantagem competitiva pagarem impostos pífios num dos produtos mais tributados e taxados no Brasil. E tendo como donos e criminosos, alguns dos principais políticos daquele país onde passaram uma temporada, Ronaldinho e seu irmão Assis. Conclusão, fotografia do ano de 2019. 57% de todo o mercado de cigarros no Brasil pertencem hoje às indústrias paraguaias. Ao invés das grandes marcas dos velhos tempos que lideravam o mercado como Hollywood, Minister, Continental, que foram construídas vendendo mentiras e mais mentiras, hoje a marca número 1 é a paraguaia Eight, com 16% de participação de mercado. E na sequência vem a Gift com 10%. No ritmo atual, as marcas paraguaias deterão brevemente 60% do mercado, cabendo a Souza Cruz e Philip Morris, disputar os 40% que sobraram. Em tempo, e repetindo a grande vantagem competitiva das fábricas paraguaias. Os cigarros fabricados no Brasil pagam impostos correspondentes a 70% a 90% do preço. Os fabricados no Paraguai, 18%. Será que em algum momento o governo brasileiro exercerá uma pressão maior sobre o governo do Paraguai… Ou, é assim mesmo?