Podcast, esquece! Livros sim, e o sol a caminho…
E o desespero bateu na quase totalidade das plataformas de comunicação analógicas.
Exauridas, e na tentativa de segurar leitores e audiências em processo de derretimento e migração irreversível, e diante das mudanças de comportamento a partir das novas alternativas de mídia do dia para noite, e numa manifestação clara de perda de juízo e desespero, a maioria das plataformas, em comportamento típico de manada, ou de rebanho como se diz agora em tempos de pandemia, converge para uma mesma, inócua e patética solução: o velho e bom podcast.
Sob a ótica de quem olha de fora, o velho e bom rádio sem propaganda e, em tese, com maior qualidade de som. Assim, parcela expressiva dos grandes players da mídia analógica: jornais, rádios, emissoras de tv, e até mesmo os portais das novas mídias, todos, sem exceção, oferecendo, milhares de alternativas de podcasts.
Estadão, Folha, O Globo, a Globo, Veja, Exame, Jovem Pan, Época, centenas de revistas e jornais de bairro, rádio manicômio, murais de escolas, e muito e muito mais.
Isso posto, e se a concorrência pelos olhos já era monumental, com os canais de streaming, com vídeos nas redes sociais, e com 500 mil youtubers no Brasil, por exemplo, agora com um número calculado entre 20 a 50 mil podcasts, multipliquem-se os ouvidos para se ouvir o que quer que seja.
Vivemos um momento da história de causar perplexidade. Até supostamente os mais sensíveis e capazes, no desespero, cometem as maiores tolices. O que leva competentes profissionais a engrossarem a loucura e apostarem que todos vão sair pela vida e pelo mundo ouvindo podcasts?
Diante de tanto ruído e barulho o grande beneficiado, depois da maior crise e diante de todas as novidades dos últimos 50 anos, e desde o advento do microchip, ano de 1971, é, repito, e em meu entendimento, o… Livro.
E nestes dias de quarentena pela Covid-19 então, livros e livros redescobertos nas estantes das casas e das empresas e das escolas e das bibliotecas, e outra grande quantidade comprada pela Amazon e demais marketplaces…
Nestas semanas, quem diria, o Covid-19 está resgatando leitores. Pessoas que no passado não passavam um mês sem ler um livro estão voltando com uma saudade abençoada e redentora, para os velhos, novos, e bons livros. E carregando consigo, alguns e novos leitores que vendo a felicidade no olhar de seus avós, pais, mães e tios decidem experimentar.
Não todos, mas em número suficiente para que os livros voltem a ocupar o lugar que sempre mereceram em nossas vidas. O de melhor e mais consistente fonte de informação e cultura. Mas, consultores da Madia, lá vêm vocês uma vez mais em defesa dos livros…
É verdade. E por uma simples e única razão. Não conhecemos nenhuma outra obra artística individual, produzida de forma tão profunda, reflexiva, sensível, no correr de anos, décadas, muitas vezes de toda uma vida, que não seja o livro.
É como se alguém tivesse produzido uma mega sopa de sabedoria no correr de toda uma vida e em fogo brando, e generosamente compartilhasse conosco. E assim, e para que possamos realizar toda a sabedoria e conhecimento contido em cada uma das páginas do livro, não dá, definitivamente não dá, para ler esses mesmos textos perdidos dentre milhares de outras alternativas, por exemplo, no ambiente digital.
Precisa ser físico, no papel, sensível a nossos dedos, olhos, coração. Costuma-se dizer que todas as crises, desgraças, tsunamis, acabam por trazer poucas e boas notícias. Em nosso entendimento, e além de reaproximar as famílias, além de resgatar os chamados jogos de salão, o Covid-19 dá um empurrão decisivo no processo de se resgatar o livro. Já os podcasts… Esquece! Apenas mais uma das infinitas manifestações da chamada cauda longa.
Esperança amigos. Mais alguns meses, no máximo, voltaremos a ver o sol.
Aos pouquinhos, mas, o sol. E poderemos voltar a ler nos parques, ruas, e cafés da cidade.