A dança das cadeiras
O mundo vive hoje uma espécie de dança global das cadeiras, lembram?
Aquela brincadeira que se fazia nas casas de família, e nos programas de televisão, onde sempre tinha uma cadeira a menos do que o número de participantes. E quando a música parava todos tinham que sentar. O que permanecesse em pé pela falta da cadeira, estava desclassificado.
De certa forma, hoje, o mundo vive uma grande dança das cadeiras. A música começou em ritmo de valsa lenta, foi acelerando, hoje já esta entre samba canção e bossa nova, e muito proximamente vai virar frevo. E o número das cadeiras nos territórios convencionais cada vez mais diminuindo. Nos novos territórios infinitas cadeiras a serem descobertas e conquistadas, mas, nos tradicionais, as cadeiras estão terminando. É o que acontece hoje no mundo.
Onde o mundo velho vai encerrando suas atividades, o número de cadeiras – mercado – diminuindo, e muitas empresas descobrindo-se em pé e perdidas, e, retirando-se.
Essa dança já começou em nosso país e vai se acelerando. Das grandes e tradicionais empresas três já não tinham mais cadeiras para sentar, perderam mercado, relevância, competitividade, e, como na canção de roda ciranda cirandinha, “por isso Dona Chica entre dentro dessa roda, diga um verso bem bonito diga adeus e vá embora.” E assim partem Ford, Mercedes e Sony.
Hoje, no Brasil, milhões de compradores dos produtos Sony muito preocupados. Como proceder em relação aos produtos que compraram nos últimos anos, meses, semanas, se der problema… E aí, como era de se esperar, estabelece-se o conflito e multiplicam-se as opiniões.
Segundo alguns, e lastreados no Código de Defesa do Consumidor, as empresas permanecerão responsáveis por seus produtos de acordo com a vida útil prevista para cada um deles.
Pergunta, quem vai determinar qual era a vida útil prevista? Já outros dizem que toda a cadeia de valor é responsável. E não apenas os fabricantes. Assim, e em caso de questionamentos na Justiça, respondem não apenas os fabricantes como os revendedores de automóveis, o varejo de produtos, e outros agentes econômicos da cadeia de valor.
Tentando prevenir todas as contendas que certamente acontecerão nos próximos meses e anos, o Procon de São Paulo vem procurando compor-se com as empresas retirantes estabelecendo uma espécie de pacto de relacionamento com os consumidores de boa-fé que compraram seus produtos.
Com a Ford, por exemplo, o Procon SP celebrou um acordo em que a Ford compromete-se ao fornecimento de peças enquanto seus automóveis seguirem rodando… E agora tenta fazer o mesmo com a Sony. Ou seja, amigos, nas despedidas, vão-se os vínculos emocionais, e exacerbam-se as dúvidas, inseguranças e questionamentos.
Quando uma empresa fecha, ou retira-se, todos perdem. Uma empresa, mais que propriedade de dono, donos, ou acionistas, é um bem da sociedade.