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Villa XP, ou, a “Cidade de Jesus”

Talvez, quem sabe, de forma inconsciente, quase 70 anos depois, Guilherme repete Amador e Lázaro. Que tenha o mesmo sucesso que seus benchmarks tiveram. Para desespero do sócio Itaú. Que se recusava a continuar apanhando calado e deu início ao divórcio amigável e com muitos ganhos. Como é do conhecimento de todos, o Bradesco nasceu no ano de 1943, na cidade de Marília, interior do Estado de São Paulo. Enquanto os demais bancos privilegiavam os abastados, o Bradesco revelou-se, desde sua gênese um banco popular. Em 1972, o Madia comandava o marketing do Itaú. E Olavo Setubal decidiu focar o banco mais na classe média e alta. E a decisão acabou vazando. Na primeira reunião em que cruzou com Amador Aguiar na Febraban, Amador disse: “Olavo, soube que vocês vão fazer um corte de clientes. Por favor, os clientes que vocês não quiserem mais, mandem para o Bradesco…”. E assim, e durante anos, o Bradesco ensinou seus clientes a preencher cheques. E mesmo assim, quase todos, deixavam pra preencher os cheques nas agências do banco, com medo de errarem… No ano de 1946, a matriz do Bradesco deixa Marília e muda-se para a cidade de São Paulo. Em 1951, com oito anos de existência, torna-se o maior Banco privado do país. E Amador Aguiar e Lázaro de Mello Brandão, decidem construir, na cidade de Osasco, a Cidade de Deus. A construção começa em 1953, e antes da virada da década a sede da empresa muda-se para Osasco. O resto é história. E, agora, mergulhamos na coronacrise. Muitas empresas liberam e motivam seus funcionários a trabalharem de suas casas. Quase todos os bancos fazem isso. Inclusive, o XP. Meses atrás o XP anunciou que não tem mais volta. Que vai mudar sua sede para uma cidade do interior, próxima de São Paulo, à semelhança do que fez o Bradesco nos anos 1950. Em material preparado especialmente para anunciar a decisão, o XP batiza sua “Cidade de Deus”, não de “Cidade de Jesus”, mas, de Villa XP. Como se batizam as casas de shows da chamada modernidade. Segundo o book, “um prédio moderno e sustentável, próximo à capital, e de fácil acesso a aeroportos e rodovias…”. Como não poderia deixar de ser, a Villa XP, não confundir com Villa Country, terá tudo o que se espera de uma cidade: exposições, espaços para crianças, cinemas, fotos, painéis com a narrativa da empresa com muitas fotos do presidente, heliponto, cafés, espaço para eventos, quadras para diferentes esportes, academia de ginástica, etc. E ainda vai vender o livro em que se conta a história da XP, e de seu fundador, Guilherme Benchimol… Amador Aguiar chegava todos os dias para o trabalho de helicóptero. Provavelmente, o mesmo fará Guilherme Benchimol… Quem sabe chegará de drone. Qualquer semelhança, definitivamente, não é mera coincidência…
Blog do Madia MadiaMM

Diário de um Consultor de Empresas – 06, 07 e 08/02/2021

Francisco Madia comenta, LEMBRA COMO ERAM OS BANCOS. No tempo em que os gerentes moravam em cima das agências e antes de dormir apagavam as luzes… Da casa, e da agência. FIM. Quando entrei no Itaú, em 1971, para montar a primeira área de marketing de um banco no Brasil, eram 300 agências. Só neste ano vai fechar mais que o dobro… O SANTANDER não tem mais agências, agora, LOJAS…