Os velhos truques, mágicas improváveis
Anos atrás, num momento triste da economia brasileira, um presidente pediu e a indústria, fazendo-se de louca, e de forma medíocre e criminosa, atendeu. Naquele momento nascia o tal do carro popular, mais conhecido como Pé de Boi. Um carro absolutamente pelado. Ridículo, patético, inseguro. De acessórios, de peças essenciais, e, especialmente, e repetindo, de segurança. Uma temeridade. Jamais a indústria deveria ter estimulado e embarcado numa aventura irresponsável e criminosa. Uma ode ao retrocesso e ao passado.
Por uma série de circunstâncias e razões, e movida a desespero, parte da indústria volta a provocar o governo medíocre e corrupto que hoje comanda o Brasil, acenando e pedindo pela volta do carro popular. Por uma série de razões, repito, estamos diante de uma arrematada estupidez. Muito especialmente, pela experiência anterior que não deixou nenhum aprendizado, e, por essa razão, e como lembra George Santayana, “Os que desconhecem os erros cometidos estão condenados a repeti-los”. Nada mais verdadeiro do que testemunhamos hoje com nosso país.
Na presente situação não se trata de desconhecer, trata-se de, criminosamente, voltar, como disse Alckmin sobre seu cabeça de chapa, “voltar à Cena do Crime”, e, mais estúpido ainda, dar um tiro no pé, mais que no pé, na cabeça, coração, de todos ao redor… Ao invés de reconhecer que, entorpecida por um sucesso e desprovida de fundamentos, a indústria toda caiu na patética ilusão que alcançaria uma produção de 7 milhões de unidades no final da década passada. Que, mal e porcamente bateu nos 2 milhões.
E é essa a realidade de um país que insiste em ignorar as oportunidades que o tsunami tecnológico vem oferecendo a todos os países, e segue, como disse Scott Fitzgerald em The Great Gatsby: “Barcos contra a corrente, remando incessantemente para o passado”. Já passou da hora de fortalecermos uma indústria automobilística sensível, consistente, verdadeira, absolutamente concentrada no mais que espetacular mercado que é o Brasil, e que reconheça, considere e saiba aproveitar o gigantesco potencial desse mercado. E jamais volte a embarcar em devaneios e platitudes.
Que se esqueça de vez dessa estultice de carro popular que só consegue iludir os que querem matar de vez essa indústria, e os que acreditam, mediante espasmos pontuais, no brilho e felicidade efêmeros de meia dúzia de ignorantes e irresponsáveis. Carro popular nunca mais.
Preferível não fabricar carro algum do que produzir manifestações industriais insignificantes que só fazem puxar mais o Brasil para trás, em direção aos anos 50, como por sinal é o divertimento preferido do partido que hoje comanda o Brasil. E onde, desgraçadamente, o palhaço somos nós… É isso, mais que querido Brasil. Definitivamente, nós, e salvo prova em contrário, não merecemos o país que o destino, circunstâncias, e para os crentes, Deus, nos deu e confiou.
Assim, e se temos alguma vergonha e sensibilidade, mais que na hora de demonstrarmos algum merecimento, e resgatar o “gigante pela própria natureza, belo, forte, impávido colosso”… de nós mesmos, realizando o tal de “futuro que espelha essa grandeza”…
O atual momento da indústria de automóveis em nosso país é um exemplo definitivo do atraso e da mediocridade em que mergulhamos. O atraso é de tal ordem que passamos meses discutindo trazer de volta um momento pueril e deletério de uma suposta e pujante indústria brasileira de automóveis.
De verdade, verdade mesmo, jamais foi. Apenas isso. Mas, e como muitos adoram iludir-se, perfeito! Segue a tragédia brasileira.