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Assim como mangueira, o cinema agoniza, mas não morre…

Eu, Madia, passei parte da minha juventude, como já comentei com vocês, mergulhado em salas de cinema. Chegava a assistir 3 filmes em 3 diferentes salas num mesmo dia. Mas… e como dizia o título em português do lindo filme de Robert Redford, A River Runs Through It, “Nada é para Sempre…”. Dias atrás a Folha publicou, em caderno especial, os resultados da pesquisa realizada pelo Datafolha, “O Melhor de São Paulo”. E segundo a Folha, com 53% das manifestações, a Rede Cinemark, foi a grande vencedora em sua categoria. Diz a Folha, “o Cinemark é o melhor cinema de São Paulo pela nona vez consecutiva…”. E aí vem a matéria, e entrevistas com profissionais da Cinemark. No segundo parágrafo, circunstancialmente, o maior desafio: “A rede tem buscado retomar a presença do público com novidades nas bombonieres e experiências personalizadas…” Dentre as iniciativas, Clube de Assinaturas, com três pacotes diferentes. A mais barata custa R$16,90 por ano, com direito a um ingresso anual e desconto em produtos. E a mais cara, R$38,90 por mês. E ainda, incrementar o cardápio das bombonieres com mais opções de doces, pipocas com creme de avelã, confetes de chocolate e cookies. E que nas chamadas salas prime ainda oferecem pipocas com azeite aromatizado, pizzas, sobremesas, vinhos, cervejas e drinques… Não obstante todo esse empenho, inovações, vontade e desejo, as salas escuras seguem definhando. No ano passado, 2023, a presença nos cinemas foi 34% menor do que em 2019, último ano antes da pandemia. Essa espécie de pausa forçada acelerou a decadência. E para pior, a perda de atratividade dos filmes nacionais que nos bons tempos representavam quase 15% do total de ingressos vendidos, contra apenas 3,2% de 2023. Menos grave, mas não diferente, a situação nos Estados Unidos, e onde, e no mesmo período, a arrecadação dos cinemas foi 20% menor do que no ano anterior a pandemia. É isso, amigos. Nada é para sempre. E ainda, e para agravar mais a situação dos cinemas nos Shopping Centers, a releitura que todos nós estamos fazendo sobre o que queremos daqui para frente, e como nos comportaremos, em relação a essa outra manifestação, também, em franca decadência. Em muitos cinemas de shopping centers, em alguns dias, menos de 100 pessoas no conjunto das sessões… E aí, e como acontece no final da divulgação dos resultados de cada categoria da pesquisa da Folha, Beatriz Gatti, que assina a matéria, tentou preencher a ficha básica. E anotou, Cinemark. Fundação, 1997; Unidades, 627 salas; Funcionários, Não Divulga; Faturamento, Não Divulga; Crescimento: Não Divulga… Quando terminei de escrever este mais que doido e desconfortável comentário, procurei me lembrar da última vez que fui a um cinema… Sigo pensando…
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Quem tudo quer tudo perde

Ditado dos mais antigos, repetidos à exaustão por nossas mães avós diante da voracidade e gulodice total de nós, enquanto crianças, acabou virando título, em português, de uma deliciosa comédia de Brian de Palma, no original, Wise Guys (Garotos Espertos). Com Danny DeVito e Joe Piscopo. Mais ou menos, e quase sempre, a razão de ser de debacles monumentais. Fundada no ano de 1914, no dia 13 de dezembro, pelo imigrante português Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, de Trás-os-Montes, 94 anos depois, 2008, detinha mais de 20% do total das vendas do país. E foi nesse exato momento, empolgados com o sucesso, que os sucessores de Joaquim Inácio decidiram aceitar as ofertas mirabolantes dos shopping centers, e converterem a vitoriosa rede de livrarias, em megastores. E que além de livros, e como o espaço era descomunal, passaram a vender os condenados a morte CDs, DVDs, e na onda do Jáque – já que vendo isso vendo aquilo – foi convertendo-se também em revenda de eletro-eletrônicos, computadores, celulares, smartphones, e, e, e, começou a fraquejar, bambear as pernas e aproximar-se do abismo. Como a compulsão e ganância eram incontroláveis não se deu conta e mergulhou no abismo. Corta para fevereiro 2022. 4 anos depois de ter pedido recuperação judicial, incapaz de suportar e honrar uma dívida de R$675 milhões. Numa luta desesperada e esperanças próximas de zero, tenta sobreviver, de alguma maneira, seja essa maneira a que for. Em 2022, o que sobrou da Saraiva dos anos de glória, meados da década passada, um prejuízo de R$15,7 milhões. Das 113 lojas de seu melhor momento restavam 37. Devolveu e ou fechou todas as demais. E ainda a pandemia, e vendas caindo para quase a metade do Natal de 2020. Dentre suas maiores dívidas, a maior com o Banco do Brasil, mais de R$120 milhões. Dívidas elevadas com seus tradicionais e queridos editores de livros que forneciam o produto principal da verdadeira e original Saraiva: o Livro. Sem contar os aluguéis em shoppings que não paga há um bom tempo. Assim, e ano após ano, mais prejuízos, menos compromissos honrados, menos lojas, a caminho, de mãos dadas com a Cultura, ao mesmo destino reservado a Laselva, que teve sua falência decretada no ano de 2013. Lembram, nossas mães e avós, “quem tudo quer tudo perde”… mais ou menos por aí a triste e constrangedora história da Saraiva, e de herdeiros que jamais entenderam as verdadeiras razões e motivos do emigrante português Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, de Trás-os-Montes, há mais de 100 anos.
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Adeus, queridos Shopping Centers…

A ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers – acaba de divulgar uma nova e grande pesquisa com os frequentadores de shoppings. Em conjunto com a Fronte, Pesquisa e Análise de Mercado, o estudo cobriu 248 cidades, os 628 shoppings em operação no Brasil, e chegou à mesma conclusão que nós, consultores da Madia, começamos a anunciar desde a virada do milênio. Que os shoppings estão sendo cada vez mais menos Shoppings, e cada vez mais Living Centers. Lugares onde as pessoas vão para viver – passar, divertir-se, comer, e se sobrar algum tempo e já que estão por lá, fazem algumas comprinhas. Essa tendência já se caracterizava irreversível desde a virada do milênio, e com a pandemia, decolou de vez. A conclusão do estudo, segundo Glauco Humai, presidente da ABRASCE: “A pesquisa nos trouxe sinais importantes, que confirmam que o setor entendeu as mudanças de comportamento do consumidor… Os players já enxergam o shopping cada vez mais atrelado ao entretenimento e à oferta de uma experiência completa ao visitante, daí incrementarem seus equipamentos como novas opções de lazer e serviços…”. Conclusões: A – Um número significativo de shoppings tem um problema estrutural insuperável, acelerado pela pandemia. Eram shopping centers totalmente dependentes das muitas empresas na proximidade. Pequena parte dessas empresas fechou suas portas pela crise econômica decorrente da pandemia, e grande parte fechou suas portas também acelerada pela pandemia porque seus profissionais passaram a trabalhar de casa. Esses shoppings, padecendo de crise estrutural insuperável, estão condenados. Nada a fazer. B – Todos os demais precisam passar por um reposicionamento radical, e que implica obrigatoriamente numa redefinição de suas políticas referentes ao mix de serviços a serem prestados. Mais que reposicionarem, revolucionarem-se. Objetivamente, os shoppings com os quais convivemos e compramos e nos divertimos durante 50 anos perderam a razão de ser. C – Conviveremos daqui para frente mais e melhor com os shoppings que nos garantam diversão e lazer, primeiro, e depois, e eventualmente, compras. Assim, e repetindo o que os consultores da Madia vêm orientando nossos clientes há mais de 10 anos: saem os Shoppings, e entram, no lugar, os Living Centers. Hoje existem, segundo a ABRASCE, 628 shoppings em operação no país, com 115.817 lojas, R$ 191,8 bilhões de faturamento em 2022, um crescimento de 14,7% em relação a 2021, e saltando de 397 milhões de visitantes mensais de 2021 para 443 milhões de 2022. Ou seja, a frequência não caiu, mas sem as mudanças urgentes e inadiáveis no modelo, mais adiante, e cansados de procurar pelo que os atuais shoppings não oferecem, às pessoas, naturalmente, reduzirão suas idas… Até, caso não ocorram as mudanças, não voltarem nunca mais. Assim, e dos atuais 628 shoppings, entre 40 e 60 são irrecuperáveis. Serão abandonados, demolidos, e seus terrenos revocacionados. Dos restantes e sobreviventes, dependendo do tamanho, inicia-se agora todo um processo de reposicionamento e readequação, e que tomará todos os próximos 10 anos, no mínimo. Portanto, e como acontece com todas as demais espécies da natureza, e no ambiente dos negócios, também… Fim! Os shoppings, tal como os conhecemos, crescemos, convivemos, compramos, partem. Em seus lugares, os novíssimos Living Centers. Claro, para todos os que não estiverem condenados inexoravelmente ao desaparecimento, e que tenham a sensibilidade, inteligência e competência de se revolucionarem. Reinventar-se, reposicionar-se, repetimos, é insuficiente.
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A migração continua: de shopping para living centers

Há mais de 10 anos, e sempre que os consultores da Madia são perguntados sobre o futuro dos Shoppings Centers, temos respondido que caminham em direção a se converterem em Living Centers. Em centros de convivência e lazer, e onde, já que as pessoas estão por lá, aproveitam e fazem compras, também. Mas, fazer compras deixa de ser o objetivo principal. Assim e nessa direção, alguns novos empreendimentos já contemplam essa nova realidade. Dentre esses, o que vem com uma inovação mais radical, é um dos shoppings da Multiplan, o Ribeirão Shopping, onde foi instalada a primeira unidade da MultiSer – Clínica de Atendimento Psicológico. Sobre o tema, José Isaac Peres, um dos líderes dos negócios de shoppings, e uma das melhores cabeças da especialização, concedeu entrevista a Glauce Cavalcanti e Luciana Rodrigues de O Globo. Peres lembra que no BarraShopping, já existem funcionando 42 clínicas que fazem 300 mil exames e consultas a cada mês. E que quando decidiu fazer esse Centro Médico muitos chegaram a duvidar de sua sanidade. De dois anos para cá, diz ele, A Associação Internacional de Shopping Centers recomenda com ênfase que todos os shoppings ofereçam serviços de saúde. – Peres fala sobre a MultiSer – “Trata-se de um projeto piloto. Chamo de Shopping das Emoções. Emoção não é visível, não é mercadoria que se encontra exposta nas lojas. Até ontem você podia entrar numa loja e comprar uma camisa que custa R$140. A partir de agora, antes de comprar pensa que tem um problema que te angustia muito e ao invés da camisa poderia recorrer aos serviços da MultiSer. Nessa primeira operação são dez psiquiatras e psicanalistas que atendem diariamente por 10 horas. E a consulta é de R$140, por 50 minutos.” – Razões do MultiSer – “Eu sou o responsável, diz Peres. Eu sempre cuidei de coisas materiais, do prazer, da alegria. Mas não conseguia cuidar da insatisfação que é inerente ao ser humano… assim faremos doações, também. De cada 10 consultas duas serão oferecidas sem custo…”. No final da entrevista, Glauce e Luciana perguntaram sobre os desafios do Brasil, e a volta da inflação. E Peres, como respondeu a vida inteira, disse, “No Brasil, se você for esperar os problemas passarem, jamais fará o que quer que seja…”. E nada mais disse, e nem lhe foi perguntado. Peres, uma referência mais que positiva e inspiradora do ambiente corporativo brasileiro, redesenhando e construindo os shoppings de amanhã… quase hoje…
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Os Megaliving Centers

Como temos comentado com vocês, muito rapidamente, os Shopping Centers, vão deixando de ser Shoppings, e convertendo-se em Living, em Living Centers. Lugares onde se vai para passear, divertir, comer, e, já que se está lá – shopping – aproveita-se para fazer compras, também. Shopping deixa de ser a razão, e passa a ser produto das circunstâncias. Um dia o Carrefour chegou ao Brasil, no ano de 1975, com uma primeira loja num terreno gigantesco, no eixo Berrini/Chucri Zaidan, cidade de São Paulo. Somente no ano de 2015, 40 anos depois conseguiu se fazer presente em todos os estados brasileiros. Assim, ingressou neste novo século com um plano estratégico de renovação radical, considerando a direção que o mundo e as pessoas vêm seguindo desde o tsunami tecnológico. Dentre suas propriedades, uma das mais importantes, alguns dos terrenos de suas primeiras lojas, muito especialmente, da primeira loja. O terreno da Berrini com a Chucri Zaidan. E que decidiu converter em sua mais consistente manifestação em direção ao futuro. Em verdade esse processo iniciou-se no ano de 2013, quando o projeto teve suas linhas básicas definidas, mas só conseguiu a aprovação final da prefeitura de São Paulo em 2017. Originalmente sua parceira era a Odebrecht, que, em decorrência dos escândalos, foi trocada pela WTORRE. Agora as obras seguem em ritmo acelerado, e quem cuida e decide todos os passos é a empresa criada pelo Carrefour, a Carrefour Property, sob o comando de Yen Wang, CEO. Segundo Wang, a ex-primeira loja do Carrefour no Brasil converte-se num grande conjunto que inclui um centro comercial, com restaurantes, serviços, torre comercial, torre residencial, ampla área de lazer e serviços, e claro, uma megaloja do Carrefour. Ou seja, esse novo Carrefour é um Living Center, e como por sua magnitude o terreno possibilita, evolui para um Megaliving Center. As aberturas ocorrerão em diferentes tempos. Entrou em funcionamento no final de 2022, o Centro comercial mais a nova loja do Carrefour. A segunda, em 2026, e que inclui além de torre residencial, a mais alta torre corporativa do país, com 216 metros. No total, o mais ambicioso e sinalizador projeto do Carrefour desde sua chegada ao Brasil, e que ficará pronto para a comemoração de seus primeiros 50 anos em nosso país, totaliza 320 mil metros quadrados de área construída, o que equivale a praticamente 40 campos de futebol… Assim, e com esse projeto pronto, ficará mais que institucionalizada a chegada dos Living Centers em nosso país, passando a ocupar, de forma melhor e mais completa em todos os sentidos, o lugar dos hoje decadentes Shopping Centers.
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Diário de um Consultor de Empresas – 25/03/2022

A MIGRAÇÃO SEGUE ACELERADA. DE SHOPPING PARA LIVING CENTERS. E o movimento inspirador, uma vez mais, de um dos líderes desse território em nosso país: JOSÉ ISAAC PEREZ.
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Diário de um Consultor de Empresas – 06, 07 e 08/11/2021

OS MEGA LIVING CENTERS a caminho. O primeiro, no terreno da primeira loja do CARREFOUR em São Paulo. Gradativamente, todos os SHOPPINGS, com raras exceções, convertendo-se em LIVINGS.