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Negócio

Silvio Santos

Um dia o camelô Senior Abravanel, que nasceu na Travessa Bemtevi no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, no dia 12 de dezembro de 1930, que esbanja saúde e acaba de completar 90 anos, filho de um emigrante grego, Alberto, sefardita de Tessalônica, e Rebeca, judia de Esmirna, parte do antigo império Otomano, enveredou pela carreira artística, sem prática e nem habilidade além das de camelô. Mas, e com talento vazando por todos os poros, emplacou um primeiro programa na televisão em 1962 – Vamos Brincar de Forca, TV Paulista – e que mais adiante virou o Programa Silvio Santos, na sequência comprou o Baú da Felicidade de seu amigo Manoel de Nóbrega, e, finalmente, no dia 22 de outubro de 1975, o maior comunicador que o Brasil já teve até hoje, recebeu de Ernesto Geisel o direito a um canal de televisão, um canal no Rio de Janeiro. E que no correr dos anos evoluiu para uma rede, o atual SBT. No meio do caminho montou um banco que, e como todos os seus demais negócios, foi ficando pelo caminho, quebrando, salvando-se sempre, e exclusivamente, só o que dependida de seu talento de comunicador. A televisão, o SBT. Grosso modo, um homem de um sucesso só. Mas, que sucesso! Dentre suas tentativas precárias, decidiu porque decidiu mergulhar no território da beleza. E em outubro de 2006, lançou a Jequiti. Hoje, 14 anos depois, a Jequiti é uma promessa que não sai do lugar. Mesmo com o espaço desproporcional em publicidade que tem no SBT, continua sendo um dos negócios perspectiva zero de Silvio Santos. Que segue colocando em risco sua galinha de ovos de ouro, o SBT, como aconteceu com suas perdas monumentais no Banco PanAmericano. Conclusão, mais uma vez volta-se a falar na venda da Jequiti. E a pergunta, quem teria interesse em comprar uma empresa que 14 anos depois, e não obstante a injeção desproporcional de espaços publicitários, é uma máquina de perder dinheiro? Os últimos números disponíveis falam de uma venda total de R$ 470 milhões em 2019, para um exército de 250 mil revendedoras, ou seja, um desempenho pífio. A história da Jequiti, assim como de outros negócios de Silvio Santos, é uma sucessão de equívocos. Como empresa de beleza, jamais conseguiu ter um posicionamento minimamente consistente, e com qualquer possibilidade de sucesso. Uma empresa que mantem-se em pé, repito, anabolizada pelos espaços e presença que tem no SBT, e pelas sucessivas e infindáveis promoções que são feitas com resultados decepcionantes e insuficientes, sempre. Anos atrás Guilherme Stoliar, na época o principal executivo do SBT, e sobrinho de Silvio Santos, recomendou o fechamento da Jequiti. Hoje, imagino, e para fechar, Silvio Santos e família terão que realizar elevado prejuízo. Jequiti, objetivamente, e diante de tudo o que fez de forma equivocada, e do sucesso de empresas como Natura e Boticário, não faz mais o menor sentido. Salvo, um milagre excepcional. Como há tempos não testemunhamos no mundo dos negócios.