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E a Globo, como anda a Globo…

Durante décadas, víamos TV. Girávamos o botãozinho, ou acionávamos o remoto e saíamos em busca dos canais. Depois veio o cabo, o streaming, a internet, e agora não vemos mais TV; vemos na TV. No tempo em que víamos TV, a Globo reinou de forma brilhante e esplendorosa durante quatro décadas. Da 4ª em diante a concorrência, não das demais emissoras, mas de novas alternativas; não mais para ver TV, mas para ver na TV foram se multiplicando, e hoje, nós todos, proprietários de uma Smart TV – que bom que as TVs ficaram inteligentes –, passamos a deter além da propriedade, a posse e o uso do aparelho que compramos. E o mundo escancara-se nas novas telas. E o que aconteceu com a líder absoluta e imbatível Globo diante de tudo isso? Segue firme e forte na liderança. Primeiro, vamos nos situar no que é a Globo hoje, nas palavras de Manzar Feres, diretora de negócios integrados. E falando a Janaina Langsdorff, do Propmark, há duas semanas: “O processo de transformação começou com o projeto Uma Só Globo, que uniu TV Globo, Globosat, globo.com, Globoplay, e, Som Livre em uma única empresa – novembro de 2018. Novas formas de produzir e distribuir conteúdo com potencial de convergência entre os meios consumidos pelas pessoas diariamente, serviços digitais para o público e soluções publicitárias para o mercado dão continuidade ao plano… Estamos na TV Aberta, TV por Assinatura (com mais de 20 canais) e Streaming (Globoplay). No ambiente digital reúne G1, GShow, GE, globo.com, Receitas.com, Cartola, e, Podcasts…. Assim, e além do profundo conhecimento dos brasileiros, esse ecossistema é o que nos torna únicos…”. Tudo bem, muitos poderão seguir empolgados, mas, os mais críticos e céticos, perguntando, “where is the beef”, ou, onde estão os resultados… No ano de 2022, fechados o balanço e consolidados os números, a GCP – Globo Comunicação e Participações, totalizou um lucro líquido de R$1,253 bi, após um prejuízo de R$173 milhões em 2021. Receitas totais de vendas de R$15,1 bi, com um salto de 33% especificamente nas receitas decorrentes do ambiente digital. Concluindo, e salvo acidentes de percurso ou tropeços de última hora, pode se afirmar que a Globo superou, com relativa tranquilidade, os momentos mais difíceis da transição. Por outro lado, e adequando estrutura e casting a essa nova realidade, a Globo despede-se de forma profissional e respeitosa de profissionais que por lá ficaram 30 ou mais anos. Pela necessidade de avançar em seu novo posicionamento, e também porque o emprego como um dia conhecemos está chegando ao fim, conforme anunciou Jeremy Rifkin em seu monumental livro de 2004, O Fim dos Empregos. A propósito, emprego, o último e derradeiro estágio da escravidão. Daqui para frente saem os empregados e as empresas – velhas e novas – celebram parcerias com profissionais empreendedores. É assim que é o mundo daqui para frente, e com a chegada da SEKS – Sharing Economy e Knowledge Society. Onde nos somamos mediante parcerias – empregos nunca mais – e somos conduzidos pelo capital de conhecimento que temos e que nossos parceiros e o mercado reconhecem. Nada é para sempre. E, depois de um reinado que se inicia no ano de 1967, com a chegada de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, e para definir o modelo que mudaria a história do País, e prevaleceu durante quase 50 anos, chegou a hora da transição. E que se iniciou formalmente no dia 24 de setembro de 2018 quando todos os funcionários da ex-Vênus Platinada receberam um comunicado de Jorge Nóbrega, presidente executivo, anunciando os novos tempos. De uma Globo “mais ágil e mais forte”. E deu certo. Aconteceu. Apenas isso.
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Som Livre, quando o som chega ao fim…

Talvez nunca as pessoas tenham ouvido mais músicas do que nesses meses de pandemia. Mas, aquela que se converteu na maior lançadora de sucessos do país, durante quase cinco décadas, chega ao fim como um negócio milionário e próspero. Agora, e nunca mais, próspero, como foi até dias atrás. No início a Globo recorria às gravadoras tradicionais para compor a trilha sonora de suas novelas. Isso durou poucos anos. Descobriu que tinha uma mina de ouro nas mãos. Que eram as novelas que pautavam o gosto musical da maioria dos brasileiros, e que não fazia mais sentido continuar recorrendo ao casting e as demais gravadoras. E assim nasceu, um dia, no ano de 1969, a Som Livre. Na página 259 do livro dele, Boni, o homem que mudou a história do Brasil, que reeditou quem somos nós, brasileiros, está escrito, “No dia 1° de setembro de 1971, eu e minha família, o Tarcísio e a Glória, o Ibrahim Sued e o Luiz Borgerth ‒ autor do livro do Boni ‒ e alguns amigos, fomos participar da procissão marítima do Senhor dos Navegantes, em Salvador, e a convite do Alberto Maluf e do David Raw da TV Aratu”. Eram mais de mil barcos no mar e o dia estava lindo e ensolarado. Os barcos iam navegando e todos cantavam hinos religiosos, como o Queremos Deus. Quando perceberam que o Tarcísio Meira estava em uma das embarcações, as pessoas do barco ao lado começaram a entoar a música da abertura de Irmãos Coragem e a coisa foi passando de barco a barco. De repente, mais de três mil pessoas cantavam, no mar de Salvador, a uma só voz, “Irmão, é preciso coragem…”. Naquele momento, talvez nem mesmo o Boni tenha realizado a dimensão de sua obra. As novelas da Globo, além de pautarem as cores, as formas, o design, as roupas, o gosto dos brasileiros, passaram a orientar nossas preferências musicais. E assim, a Som Livre revelou-se uma mina de ouro monumental. 50 anos depois a realidade é completamente diferente e outra. O ouro música continua existindo e tão forte, importante e próspero como antes, só que agora as fontes e os caminhos são outros. Existe uma nova cadeia de valor… Em sua reinvenção o Grupo Globo concluiu que a Som Livre, ainda que dê resultados, não tem mais nada a ver com o novo caminho escolhido. E assim, e meses atrás, fechou um acordo para vender a Som Livre para Sony Music. Ao menos num primeiro momento a Sony não pretende incorporar a Som Livre. Vai manter como um centro autônomo de produção, seguindo sob o comando do CEO Marcelo Soares. No comunicado a imprensa, Jorge Nóbrega, CEO da Globo, diz, “Estamos muito felizes em ter encontrado na Sony uma nova casa para a Som Livre, um negócio que foi construído dentro da Globo e que sempre foi muito querido de todos nós. A Som Livre produziu e lançou músicas com a Globo por mais de meio século e foi um importante capítulo da história da Globo. Nós queríamos assegurar que esse acordo preservasse tudo o que a Som Livre representa para os brasileiros…”. Amigos, nada é para sempre. Irmãos, é preciso coragem; sempre!