Lições circunstanciais de Branding por um cirurgião plástico
Na
página 20 da revista Veja, edição de 12 de fevereiro de 2020, uma entrevista
com um cirurgião plástico. De quem jamais ouvíramos falar, e de quem jamais
pretendemos assistir seu reality na TV. Paul Nassif, do canal E!, programa
especializado em mostrar as competências dele em refazer cirurgias plásticas
que deram errado.
Mas,
e de qualquer maneira, traz algumas manifestações de sabedoria e sensibilidade,
como Mother Mary falava na canção dos Beatles, “speaking words of wisdom… Let
it be, let it be…”, e absolutamente essenciais nos processos de Branding.
Por
exemplo, Paul Nassif diz: “Diversas pessoas se submetem a uma cirurgia para
agradar aos outros, e não a elas mesmas. No programa, é comum vermos também os
viciados em plástica. Essas pessoas não são realistas, querem algo que não
podem alcançar…”.
Nós, consultores do MadiaMundoMarketing, temos participado do processo de Branding de mais de 3.000 marcas, incluindo as duas de maior valor do Brasil, e cansamos de ver profissionais recém-chegados nas empresas, e que em suas primeiras manifestações, recomendavam proceder mudanças ou, até mesmo, trocas de marca. Queriam porque queriam. Porque achavam, não dando a menor importância ao dna, cultura, trajetória e propósito do business.
Muitas
vezes, e quando como consultores registrávamos esse tipo de comportamento mal o
profissional chegara à empresa e o CEO pedia nossa orientação se devia ou não
mudar a marca, examinávamos os desempenhos anteriores desse profissional em
outras empresas, e quase sempre, com poucas e honrosas exceções, o mesmo
comportamento. Viam na mudança uma suposta oportunidade de demonstrarem
competência e talento, e tudo o que conseguiram produzir, nas empresas
anteriores, foram desastres monumentais, crimes e prejuízos irreparáveis, Brandicídios!
Segue
Paul Nassif em sua entrevista à Veja dizendo, “Quem busca uma plástica quer, no
fundo, continuar sendo o mesmo, mas melhorado. Assim o que percebo com
frequência são pessoas com Transtorno Dismórfico – distúrbio mental que faz o
paciente ver na própria aparência muitos possíveis defeitos, além daqueles que
eventualmente tem”.
Em
verdade, quando uma empresa busca um retrofit ou atualização de uma marca,
apenas procura garantir que o ótimo continue ótimo, atualizado. Não corrigir
supostos e eventuais defeitos. Depois de décadas de sucesso, conhecimento e
consagração, uma MARCA é o que é! Salvo raríssimas exceções e em casos
terminais, deve se considerar sua mudança e redesenho. Excepcionalmente, sua
designação, naming. E, por decorrência, percepção e leitura. Apenas,
proceder-se a eventuais e mínimas atualizações, para conseguir-se alcançar, nos
2020, e provocar nas pessoas, semelhante sensação que provocava nos
1980,1990,2000,2010… “OOOHHHHHHHH!!!!!!”.
Paul
Nassif fala também sobre penduricalhos. Todos nós nascemos com alguns
penduricalhos em nossos rostos. Talvez o mais proeminente, para o bem ou para o
mal, seja o Nariz. Em segundo lugar, dissimuladas, as orelhas. E segundo Nassif,
é onde se encontram os maiores riscos nas plásticas.
Diz, Nassif, “Dentre as plásticas, a que têm maiores possibilidades de dar errado são as do nariz. Se o médico for ruim, uma pequena alteração no nariz poderá não cicatrizar bem e trazer um resultado insatisfatório. Narizes são difíceis, por isso são poucos os bons cirurgiões de rinoplastia. Já atendi pacientes que tinham passado por cirurgia há mais de dez anos e estava tudo bem. Mas, o nariz pode mudar, entortar, ou a ponta cair, e, assim, precisar ser refeito…”.
Os
narizes das marcas são os penduricalhos. Adereços que empresários,
profissionais, gestores de produtos, e algumas empresas de design adoram
colocar nas marcas. De simples e quase imperceptíveis detalhes, passando por
guarda-chuvas, árvores, chapéus, estrelinhas, repolhos monumentais que escondem
o naming – a designação –, e convertem-se em manifestações patéticas e
constrangedoras.
Uma
marca escondendo-se tendo a sua frente, atrás, ou, sob, ou sobre um
penduricalho. Aqui na MADIA, somos radicais e definitivos. Por décadas e
séculos nenhuma empresa, independente de porte e especialização, deveria
recorrer à muleta, ou a um penduricalho nariz, orelha, brinco, colar, piercing.
Por mais discreto que venha a ser.
No
processo de multiplicação ao infinito em escala monumental de sinais e códigos
de comunicação presentes na nova economia, e exacerbados pelas diferentes
plataformas digitais, pelo amor de Deus, empresas, restrinjam-se ao naming.
Curto, simples, memorável, mais consoantes menos vogais, se possível duas
sílabas no máximo, e jamais recorrer a consoantes fracas.
E
desde a primeira vez, um naming escrito ou desenhado de forma limpa, elegante,
e única. Mais que possível! E capriche sempre no Positioning Statement – quanto
mais corresponder ao propósito da empresa, maiores as chances de rápida
memorização e sucesso. Just Do It!
Se alguma empresa de design vier propor a sua
empresa um penduricalho em sua marca chame a polícia, ou expulse com
humilhação. Maria, José, Tereza, Tonico, Tião, Ana, Pedro, João, no máximo,
Ricardo, Elisa, Sônia.
Namings simples,
sonoros, memoráveis, gostosos de se falar, ver, ouvir, conviver… E pelos
quais nos apaixonaremos. Repetimos, pedindo tomando emprestado da Nike, Just Do
It!