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Negócio

Mais que tempestade perfeita, tempestade com tsunami

A maioria das empresas ainda não se deu conta dos desafios que todos vivemos no presente. Além de uma tempestade perfeita, que tem na pandemia seu melhor pior exemplo e tempero fortíssimo, as bases da sociedade e da economia vão se desfazendo no tsunami tecnológico. Ou seja, as estruturas e alicerces liquidificam-se, e enquanto isso chovem tempestades nas superfícies. Todos os dias, notícias e mais notícias de empresas que não suportam o peso do duplo ataque – conjuntural e estrutural – sucumbem e recorrem a recuperação judicial como derradeira tentativa de sobrevivência. Semanas atrás, a vítima da vez, foi a tradicional e querida Casa do Pão de Queijo. Criada em 1967 por Mário Carneiro, filho da legendária Dona Arthêmia Chaves Carneiro, criadora das receitas e emblema da marca, hoje é comandada por seu neto, Alberto Carneiro Neto. Em sua trajetória de expansão e crescimento recebeu investimentos do Banco Pátria, que vendeu sua participação mais adiante para o Standard Bank Private Equity, que em poucos anos reviu sua estratégia de investimentos e devolveu o negócio a família. Numa sexta-feira, ingressou com pedido de recuperação judicial, diante de dívidas de quase R$ 60 milhões. Seu pedido de recuperação é mais que emblemático e traduz a dupla mortal – tempestade e tsunami perfeitos – crise conjuntural e estrutural. Diz, “Impactada pela pandemia de covid-19, pela alta dos juros e pelo clima, que dentre outras providências obrigou a empresa a suspender suas atividades por razões sanitárias com a consequente perda de produtos… mais juros altos, mais as enchentes do sul que determinaram perdas de receitas relevantes… e por aí vai”. Sem mencionar o desafio estrutural decorrente do tsunami tecnológico, que mudou de forma radical o comportamento de compras das famílias brasileiras. Inclusive, do querido, tradicional, e indispensável Pão de Queijo. Nenhuma empresa, neste preciso momento, está livre de passar pela mesma situação que a Casa do Pão de Queijo vive e enfrenta hoje. A mesma devastação decorrente deste momento único da história da humanidade, e que vitima a Casa do Pão de Queijo, está ao lado de todos os negócios, em maior ou menor intensidade. Tempestade conjunta com tsunami tecnológico mais que perfeitos…
Negócio

Síndrome de Rip Van Winkle

Rip Van Winkle é um personagem criado por Washington Irving, e baseado na literatura germânica. Trata-se de um fazendeiro que decidiu, cansado de ouvir as reclamações de sua esposa que era vagabundo e não gostava de trabalhar, dar um passeio com seu cão a uma montanha próxima para esfriar a cabeça. Cruzou com um anão subindo a montanha carregando um barril pesado, ajudou o anão no transporte que lhe deu um gole da bebida. Rip acordou, procurou por sua arma e assustado constatou que estava enferrujada. Seu cão tinha desaparecido. Vai até sua casa e está toda destruída e abandonada. No bar encontra dois ou três amigos que sobreviveram. Aos poucos descobre que ficou na montanha dormindo por 20 anos. Essa é a sensação que muitas pessoas têm hoje diante das transformações radicais decorrentes do tsunami tecnológico. Em todos os setores de atividades, mas, com ênfase maior em alguns, como no da saúde. Semanas atrás o jornal Valor publicou mais um de seus estudos especiais, e referente ao território da saúde em nosso país. E a sensação que os leitores têm é que são uma espécie de Rip Van Winkle, que dormiram durante mais de 10 anos, e quando acordam, agora, descobrem as mudanças monumentais que aconteceram nesse território. Praticamente não existe um único negócio no território da saúde que não tenha se reinventado. Os que não passaram por esse processo não existem mais e foram comprados. Assim, e se há menos de uma década falássemos de grandes hospitais no Brasil, Sírio e Einstein eram as grandes referências. Hoje, o grande destaque é a Rede D´Or São Luiz. Laboratórios agregaram mais e muitos serviços, como o Dasa. Os hospitais tradicionais vão se convertendo em faculdades de medicina. A medicina a distância é uma baita e auspiciosa realidade. Apenas para citar algumas das quase que infinitas mudanças. Isso posto, existe um novo ranking em termos de maiores grupos do negócio da saúde no Brasil, tomando-se como medida o Número de Leitos. A liderança relativamente tranquila é da Rede D´Or São Luiz com 10.214. Vindo na sequência Hospital Vida, 7.134; Dasa, 3.707; Américas Serviços Médicos, 2.702, e, Mater Dei com 2.525. O número de fusões e aquisições que começou de forma tímida no início da nova década, 2010, com um total de 7, 8 anos depois foram 13, 9 anos 22, 10 anos, 25, e no ano de 2021, 32 fusões e aquisições. Em decorrência da Covid, todas as resistências que ainda haviam em termos de digitalização da saúde, e telemedicina, literalmente, desapareceram quase que do dia para a noite, Ou seja, amigos. Aconteceu! Se não foi da melhor maneira, com planejamento sensível e acurado, foi meio que aos trambolhões, e agora não tem mais retorno. Isso aconteceu em maiores ou menores proporções com quase todos os setores de atividade, mas, seguramente, o da saúde, se não foi o que passou por maiores reinvenções, foi um dos três deles. Difícil eleger os outros dois.