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Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 31/07, 01 e 02/08/2021

FIM DE FESTA, OU, A HORA DA VERDADE. Quais as startups e unicórnios que tem, de verdade, energia vital. E quais começam a se despedir de forma medíocre e constrangedora…
Negócio

A pergunta que Veja não fez

Na Veja de meses atrás, páginas amarelas, uma longa entrevista com Claudia Woods, 45 anos, nascida em São Paulo, mas que morou 10 anos nos Estados Unidos, e hoje comanda o Uber no Brasil. Claudia falou sobre tudo. E só não respondeu a pergunta que todos esperavam que Veja fizesse, porque Veja, sabe-se lá por quais razões, não fez. Dentre outras preciosas informações decorrentes da experiência do Uber em nosso país, Claudia disse: Sobre o impacto da pandemia nos negócios do Uber: Uma redução de 80% no total das viagens; Sobre as pessoas que estão retornando a uma situação de quase normalidade: Os jovens, entre 18 a 34 anos, são os que mais se movimentam num cenário de reabertura – restaurantes, casa de amigos, academia. Sobre o Brasil comparado a outros países: Pela dimensão continental, e milhares de cidades, um comportamento não linear. Quase que um comportamento específico em cada local. Sobre home office e o Uber: Hoje o Uber vem sendo muito mais utilizado para atividades ligadas ao lazer e a diversão. 68% das pessoas que saem de casa e consideram a possibilidade de beber deixam seus carros nas garagens. Sobre mais entregas: Grande crescimento nos serviços de compras e entregas. E viagens compartilhadas praticamente caíram a zero e levarão mais tempo para alguma recuperação. E a pergunta que não foi feita, e portanto não pode ser respondida, é, “Por mais quanto tempo o Uber permanecerá vivo vendo os prejuízos acumularem-se de forma exponencial e no correr de toda uma década?”. Apenas no ano de 2019, o prejuízo foi de US$ 8,5 bilhões. Em 2018, o prejuízo foi de US$ 1,8 bi. Em 2017, US$ 2,2 bi… E em 2020, surpresa, US$ 6,7 bi de prejuízos… Será que mudaram os critérios do que é hoje, nestes tempos loucos de disrupção e startups, uma empresa saudável. E ganhar dinheiro virou bobagem…? Todos se perguntam por quantos anos mais o Uber resistirá. Tecnicamente, e a luz de hoje, o Uber faliu! Mas, a vida tem nos ensinado que quanto maior o tamanho do desafio, mais difícil enfrentá-lo. Assumir a realidade e estancar a sangria. Assim, os mesmos investidores que injetaram bilhões no Uber, e agora tentando evitar perder tudo, dispõe-se a investir um pouco mais. E fingem que acreditam… E tudo o que sobra é o bordão, “não pergunte por que as pessoas são assim; são assim, mesmo”.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 19, 20 e 21/06/2021

POUCAS, DAS NOVAS E GRANDES EMPRESAS, SOBREVIVERÃO. CABIFY despediu-se. UBER não tem a mais pálida ideia quando e se dará lucro… E, pior ainda, chegou a hora de trazer os preços para a realidade…
Negócio

Locadoras de automóveis: o melhor e o pior negócio da pandemia, e agora, reinvenção total

O melhor negócio do mundo até o dia 31 de março de 2020, era ser uma das três maiores locadoras de automóveis do Brasil, Localiza, Movida, e Unidas… O pior negócio do mundo a partir do fatídico 01 de abril de 2020 era continuar sendo uma das três maiores locadoras de automóveis do Brasil. Dormiram prósperos, acordaram mendigos e a caminho do fim. Não era pesadelo, apenas, uma brutal e nova realidade. Até 30 de março, todos os carros das três empresas, dezenas de milhares, locados, rodando, e as três batendo recordes de lucros, convertendo-se, as três, nos maiores compradores de carros novos do País, e, por decorrência, nos maiores vendedores de usados, quase novos. A vida e as circunstâncias tinham criado o produto perfeito! A sorte e a fortuna superaram-se. Assim, e cada vez mais, mais que interessante abreviar a vida dos carros novos, vender os carros quase novos, alcançando margens espetaculares. Aumentar a velocidade do giro… E o tilintar do caixa não parar de soar como se tivesse ingressado em infinita recorrência. Um mês depois, as três não sabem mais onde enfiar os carros. A maioria dos clientes de locação devolveu seus automóveis. Os que viviam de bico, tipo Uber, também e principalmente devolveram, e as três improvisavam lugares não mais para guardar, para socar seus carros. Na pressa e desespero, nem mesmo sabiam dizer onde deixaram seus milhares de automóveis… E os preços de locação foram despencando. De diárias de R$ 180 a R$ 200 no início do ano de 2020, para R$ 50 em abril, Localiza, e R$ 52, a Unidas. Assim que acordaram do susto, e por não ter mais onde colocar os carros devolvidos, imploravam, pediam pelo amor de Deus para os motoristas continuarem com os carros, mediante a concessão de, além de descontos, de bônus e presentes. Enquanto isso, e nos Estados Unidos, onde aconteceu o mesmo em semelhantes proporções, a mais emblemática dentre todas as locadoras do mundo, a Hertz ‒ lembram, Hertz Rent a Car… ‒ Converteu-se em Hertz Rent a Cry… Ingressou com pedido de concordata. Não nos lembramos de nenhum outro caso em todos os mais de 40 anos da Madia e 50 do marketing de um negócio ótimo ficar péssimo em menos de 24 horas. Quase do dia para noite. Dormir bilionário e acordar na miséria. Esperanças zero. É isso amigos, o supostamente impossível às vezes, poucas vezes, acontece. Lembram da música, gravada por muitos dos melhores cantores brasileiros… E que no politicamente correto, mais que correto, perfeito de hoje, está definitivamente condenada. Canção emblemática composta por Billy Blanco e que dizia… “Não fala com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho. Prá que tanta pose, doutor? Prá que esse orgulho? A bruxa que é cega, esbarra na gente, a vida estanca… O infarto te pega, doutor, acaba essa banca…”. A bruxa esbarrou e as locadoras infartaram. 01 de abril de 2020. Não era primeiro de abril… Mas, aí, e como acontece nos melhores filmes de amor, a sorte tornou a virar, o sentimento de desapego foi tomando conta das pessoas, decidiram vender seus automóveis, e começam a dar preferência, mais que pela locação, pela assinatura de carros. Como ainda fazem em pequena quantidade com jornais e revistas sobreviventes. E as três locadoras, lastreadas no capital da experiência, voltam a sorrir novamente. Ao menos enquanto todas as revendas de automóveis não se convertam em vendedoras de assinaturas de carros quase que exclusivamente…
Negócio

Ciranda, Cirandinha

Conforme mais que esperado, e talvez, até um pouco antes do previsto, as supostas empresas fantásticas da nova economia, que não criavam nada que não fosse um novo nó na cadeia de valor, que apropriavam-se de um pedaço da receita já existente sem produzir nenhuma receita nova, que alcançavam valorização estapafúrdia e absurda, convertiam espertalhões em bilionários em poucos anos, algumas vezes do dia para a noite, mais que abrir, essas empresas supostamente fantásticas, uma após a outra, vão escancarando o bico. Nos lembrando muito da canção de roda de criança Ciranda Cirandinha, lembram? “Ciranda Cirandinha Vamos todos cirandar Vamos dar a meia volta Volta e meia vamos dar O anel que tu me destes Era vidro e se quebrou O amor que tu me tinhas Era pouco e se acabou Por isso dona Rosa Entre dentro desta roda Diga um verso bem bonito Diga adeus e vá se embora…”. Assim, mais um dos supostos milagres, à semelhança do Uber, Lime, WeWork vai se desvanecendo. E, se preferirem, derretendo. Por sinal e coincidência, também mais um dos grandes investimentos de Masayoshi e seu Softbank, a Oyo. Empresa indiana de hospedagem, que celebrava parcerias com milhares de hotéis pelo mundo, e chegou a ser avaliada em US$ 10 bi. A crise é forte, e as demissões acontecem em todo o mundo. A Ciranda Cirandinha, assim, acelera-se, e os anéis, quase todos de vidro, um a um, vão se quebrando… Primeiro mês de 2020. Zume, startup de robôs demite 80% de seu quadro de colaboradores. Getaround, startup de aluguel de carros, despediu 25% de seu capital humano. Rappi inicia um amplo plano de demissões em todo o mundo incluindo o Brasil. Aplicativos de patinetes e bicicletas jogam a toalha e desaparecem da e na paisagem… E por aí vai. Assim, e conforme previsto, e por isso, dona Rosa, entre dentro desta roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá se embora…