Despertares, ou, devagar quase parando…
E assim, e aos poucos, de forma lenta e precária, algumas atividades começam a despertar.
Dois business tentam estimar a dimensão do rombo, estrago, prejuízos. Automóveis e aviões. Algumas das montadoras de automóveis, com quase 50 dias de paralização total, retornaram aos poucos e apenas com parte dos trabalhadores.
A Fiat reabriu suas fábricas em Betim (MG) e Goiana (PE), assim como a Mercedes em São Bernardo (SP) e Juiz de Fora (MG). Falando à imprensa, na semana anterior e no reinício das operações, Antonio Filosa, presidente da Fiat Chrysler, disse: “Na semana passada acompanhei pessoalmente todos os passos da nova jornada dos empregados, desde a viagem no ônibus até a volta para casa… Seguiremos vigilantes para garantir que a produção seja restabelecida dentro das melhores e mais rigorosas condições de segurança e saúde…”.
Já na Mercedes, apenas metade dos funcionários voltou ao trabalho. Pouco mais de 2 mil dos 4,5 mil. E para o retorno foi montado um laboratório de campanha no pátio da unidade do ABC Paulista, com 30 médicos, enfermeiros e atendentes..
Já no business de aviões o efeito é muito mais devastador ainda. Em artigo no New York Times as previsões são as piores possíveis: “Serão necessários anos, para as empresas sobreviventes, voltarem a operar o mesmo volume de voos de 2019…”. No final de 2019, as grandes empresas aéreas americanas, e, finalmente, respiravam aliviadas. Tudo corria em céu de brigadeiro. Uma Delta Airlines exibia em seu balanço um lucro de US$ 1,6 bi com 90 mil funcionários.
Hoje, 15 meses depois, com menos de 20% dos voos que fazia em dezembro passado, e ainda assim com uma média de 23 passageiros por voo, registra um prejuízo diário da ordem de US$ 300 milhões, em decorrência de uma folha de pagamento dos tempos de prosperidade, mais pagamento de aluguel e manutenção de aeronaves.
Nos Estados Unidos, metade dos 6.215 aviões de todas as empresas aéreas encontram-se no solo há mais de 90 dias. Pior ainda. Além de um momento terrível, esperanças zero quanto ao retorno das empresas nas próximas semanas, e o novo comportamento das pessoas em relação às viagens aéreas.
Não mais medo de avião. Medo de contaminação presas em espaços fechados durantes horas… E ainda à sombra das lições do passado. As maiores empresas aéreas do mundo, supostamente inexpugnáveis, tombaram de forma inimaginável diante de crises de menores proporções. Foi o que aconteceu com uma Pan Am e com uma TWA.
A mais emblemática de todas as empresas americanas, a Southwest Airlines, e que jamais soube o que fosse prejuízo em seus 47 anos de existência, hoje perde US$ 35 milhões a cada novo dia.
J.Scott Kirb, presidente da United, traduziu a situação da seguinte maneira: “Hoje, todas as empresas aéreas dos Estados Unidos e do mundo, continuam esperando pelo melhor, mas, preparando-se para o pior…”.
Em nota, divulgada semanas atrás pela Iata, Associação Internacional de Transporte Aéreo, a previsão de que as viagens de avião terão um aumento inicial médio no preço das passagens da ordem de 50%.
Será que algum dia nós voltaremos a voar em negócios, ou, em férias…? É o que muitos se perguntam na escuridão da crise… Claro que sim, o difícil é conseguirmos dizer quando isso acontecerá, e quais empresas aéreas permanecerão vivas.
Aconteceu. Nada a fazer. Juntar os cacos e recomeçar novamente.