Tag: Wall Street

Negócio

O Nubank e seu criador, David Vélez

Meses atrás, uma grande entrevista do hoje multibilionário David Vélez, fundador do Nubank, criador do maior banco digital do mundo, o Nubank. A entrevista foi concedida à revista Veja, e aos jornalistas Carlos Eduardo Valim e Felipe Mendes. Mais que vale uma reflexão sobre as principais manifestações de Vélez, no correr da entrevista, para que cada um de nós comece a formar uma ideia mais consistente, a respeito das empresas que habitam o universo dos chamados Unicórnios. Recordando, Vélez, 41 anos, fundador com outros sócios do Nubank, que chegou a Wall Street com quase 50 milhões de clientes, e foi avaliado pelos investidores em mais de US$40 bilhões, muito à frente dos maiores bancos brasileiros, até aquele momento. Na divisão e avaliação das ações que cada um dos principais sócios possuem, a parte de Vélez, pelo preço alcançado no IPO, totaliza uma fortuna ao redor de US$9 bilhões. Casado, três filhos e, no momento da entrevista, um bebê a caminho. De toda a longa entrevista nas páginas amarelas de Veja, separamos para comentar com vocês as seguintes declarações: Cresceu na Adversidade – Vélez recorda e lembra que o Nubank, até hoje, não teve um único momento de economia favorável em toda a sua trajetória. Diz, “Lançamos o Nubank em 2014. Desde então o PIB do Brasil teve uma contração de cerca de 7%. A empresa viveu duas recessões, um impeachment, e a pandemia de covid-19. Assim, o único Brasil que conhecemos é o Brasil da recessão. A gente sonha em ver o Brasil crescer 7% ao ano, mas, e até agora, só pegamos situação complicada”. Rigorosamente verdadeiro. A década passada foi a pior década do Brasil em sua economia, dos últimos 200 anos, e os desafios a que o Nubank foi submetido, é o mesmo de todas as empresas em atuação no país. A diferença é que, as empresas da Nova Economia, não necessariamente adotam e são avaliadas pelos mesmos critérios das demais empresas. E, em sendo assim, não obstante as dificuldades internas da economia brasileira, talvez essa tenha sido uma das principais razões do sucesso e vertiginoso crescimento do Nubank…”.Sobre a opinião de Vélez e do Nubank em relação ao Governo ‒ “Prefiro não comentar. A gente fica 100% do tempo focado no que a gente consegue controlar. Mas há de ser dito que o trabalho do Banco Central tem sido espetacular. É um exemplo global do que um regulador consegue fazer para trazer mais concorrência ao mercado e, no final das contas, ajudar as pessoas no País…”. ‒ A pandemia e o Nubank – De certa forma, a pandemia contribuiu para uma melhoria na constituição da carteira de clientes do Nubank. “Nossas taxas de crescimento antes da pandemia eram realmente absurdas e, na pandemia, aumentaram. Mas mudou também o tipo de cliente. Antes, cliente acima de 40 anos realmente não olhava o Nubank. Achava que era um produto para Millenials, para estudantes. Quando a pandemia chegou e forçou o fechamento das agências bancárias, isso forçou uma mudança de comportamento. Chegamos a ver mais de 1 milhão de clientes acima de 60 anos abrindo conta no Nubank, fazendo cartões de crédito ou pegando empréstimos. E uma vez que esses clientes começam a utilizar o Nubank, não voltam atrás…”. Sem a menor dúvida, e por mais devastadora que tenha sido para pessoas, famílias e economia, a pandemia foi uma bênção para o Nubank e outras empresas da Nova Economia. Numa situação de total anormalidade, muitas pessoas que jamais considerariam o Nubank decidiram experimentar. E tudo começa pela experimentação… ‒ Uma nova visão de vida e de mundo dos empresários da nova economia ‒ Mais que chama a atenção de todos as declarações de Vélez, multibilionário quase que do dia para a noite. Visão muito parecida com os multibilionários da chamada Nova Economia. Diz, “Nunca pensei que criaria em tão pouco tempo uma empresa desse tamanho e que teria essa quantidade de dinheiro. Minha esposa e eu não viemos de família rica. Assim discutimos muito o que fazer com esse dinheiro e decidimos que não iremos deixar para nossos filhos. Deixar para eles, seria o pior que podemos fazer por eles. É preciso um trabalho muito duro para você vencer na vida. E enfrentar esse desafio é uma das grandes satisfações que existem…”. E, conclui, afirmando que a fortuna não será deixada para os filhos, mas totalmente doada a uma instituição em processo de construção que segundo Vélez: “surpreenderá a todos pelas componentes de inovação que trará…”. ‒ Sobre a conselheira Anitta – Como não poderia deixar de ser grande expectativa na entrevista sobre a razão da escolha de Anitta para o Conselho do Nubank. E aí Vélez conta um episódio específico, onde Anitta teria dado uma contribuição relevante com sua manifestação. O episódio é tão pífio e irrelevante, a recomendação tão boba e insignificante, que se traduz no pior momento da entrevista de Vélez. Melhor seria não ter citado esse episódio. E se essa participação de Anitta foi a mais importante… É isso, amigos. Essa a síntese da entrevista do jovem empresário, que, com seus sócios conseguiu, navegando na competência, intuição e circunstâncias, construir uma organização de absoluto e monumental sucesso, em 10 anos. Os próximos anos confirmarão da consistência e sustentabilidade de todas essas conquistas.
1
Negócio

A morte do escultor do touro

O escultor que mudou a história dos investimentos, das ações, e das bolsas em todo o mundo, morreu. Uma história emblemática de uma iniciativa individual de um ser humano tentando levar uma mensagem de esperança aos que viram seus investimentos derreterem em Wall Street. E de quebra, ela, a encantadora e espetacular Garota Destemida. Arturo Di Modica nasceu no dia 26 de janeiro de 1941, na cidade de Vittoria, na Sicília, Itália. E faleceu meses atrás, em sua cidade de nascimento. Tinha dupla nacionalidade. Americano e Italiano. Morou muitos anos no Soho, na cidade de Nova York. Foi ele quem construiu o touro de Wall Street. Que quatro anos atrás foi desafiado por uma encantadora e destemida menina. No dia 18 de outubro de 1987, por obra das circunstâncias, o Madia, encontrava-se na cidade de Nova York. Na hora do almoço, conta o Madia, “decidi comer um sanduíche na praça do Citycorp, na Lexington com a 3ª avenida. Quando entrei na praça, lotada, testemunhei uma cena absurda. E que permanece vivíssima em minha cabeça de tão maluca. Centenas de pessoas com o olhar fixo num telão, garfos nas mãos e parados no ar, estáticas, e vendo o preço das ações derreterem…”Naquela segunda-feira negra, Wall Street literalmente despencou 22,5%…”. Arturo Di Modica, escultor, decidiu intervir e dar sua contribuição no sentido de resgatar a confiança dos americanos e do mundo. Construiu um gigantesco e pesado Touro de Bronze. E assim, no dia 17 de dezembro de 1989 Wall Street acordou com um mega touro em sua porta. Arturo bancou a construção do touro. Três toneladas, fundido no atelier do artista em Lower Manhattan. Durante a noite, e com a ajuda de alguns amigos, levaram o touro até Wall Street e lá o deixaram. Virou o símbolo de Wall Street, das Bolsas, do Mercado de Capitais, em todo o mundo. Batizado de Changing Bull – o touro em permanente mudança… Uma espécie de metáfora ou advertência sobre um mercado que oscila, mas, e como o mundo, e como a evolução da sociedade, mais cedo ou mais tarde aponta pra cima e segue em frente. No dia 7 de março de 2017, 5 anos atrás, na véspera do Dia Internacional da Mulher, e para salientar a desigualdade de gênero no mercado financeiro, e patrocinada pelo grupo SSGA – State Street Global Advisors, foi depositada por alguns meses e em frente ao touro, a Fearless Girl, a garota destemida, obra igualmente magistral assinada por Kristen Visbal, e em bronze fundido. Arturo morreu conhecido quase que exclusivamente por uma única obra, seu Touro, e agora outras obras chegam ao conhecimento do público. De qualquer maneira criou, espontaneamente, com recursos e talentos próprios, um dos mais poderosos símbolos do mercado financeiro de todos os tempos. Um ícone. E ainda deu a oportunidade para outra escultora, ainda que por um curto período de tempo, com sua espetacular, apaixonante, e inesquecível Garota Destemida que de nariz em pé enfrentou o Touro de Wall Street, de convergir o interesse, curiosidade e atenção de milhares de pessoas em todo o mundo pelo mercado acionário, pela democratização do capital das empresas, pela economia de mercado, e pela inaceitável, constrangedora e vergonhosa situação das mulheres. Assim, Arturo Di Modica, mais que merece todas as homenagens. E, por tabela, e com grande merecimento também, Kristen Visbal, recebe todos os reconhecimentos e homenagens por sua espetacular Garota Destemida…
Negócio

O dia em que o lobo de Wall Street foi a Gramado

Jordan Belfort agora é palestrante. Muitos de vocês conheceram sua história. Está no filme de Martin Scorsese, interpretado por Leonardo Di Caprio, “O Lobo de Wall Street”. No final dos anos 1980, criou a Stratton Oakmont, onde se tornou milionário vendendo ações de pequenas empresas de baixo valor de mercado a pessoas que não resistem a uma suposta boa oportunidade. Em 1986 teve que prestar contas à justiça, a empresa foi fechada, e Jordan ficou quatro anos atrás das grades. No ano retrasado, com 58 anos de idade, veio ao Brasil para um evento na cidade de Gramado(RS). No evento batizado de Gramado Summit, no dia 30 de setembro, falou aos que queriam aprender com ele, O Lobo de Wall Street, sobre a ciência e arte de vender. No programa, Imersão em Vendas, e dentre outras lições, Jordan falou sobre voz, linguagem corporal, como conquistar clientes em quatro segundos, os três aspectos fundamentais para se conquistar a confiança dos clientes, o sistema de vendas em linha reta, e a importância de se compreender e respeitar o contexto de cada venda. No mesmo dia concedeu entrevistas à imprensa, e compartilhou algumas de suas vivências e aprendizados. A propósito, segue sendo um homem rico, com os direitos autorais de seu livro que continua vendendo, mais os royalties do filme, e com palestras. Agora, compartilhamos com vocês, algumas das lições do Lobo de Wall Street… Se o mercado de ações de hoje é igual o da época do Lobo de Wall Street? “Não, bem diferente, depois de tudo o que aconteceu, e até mesmo em decorrência do filme. Mas, na época, a chamada correção política não prevalecia. Os corretores, garotas e garotos eram jovens, bonitos, exalando sexualidade, e consumindo drogas como se fosse água… Rolava sexo o tempo todo. Sexo e drogas. Cocaína de dia e durante o expediente, e pílulas à noite…”.Sobre, como escapar de golpes no mercado de ações em quatro lições: Número um, “se o negócio for muito bom para ser verdade é porque é muito bom para ser verdade…”. Dois, “se você for enganado o culpado é você. Todas as informações estão disponíveis e é suficiente pesquisar”. Três, “jamais acredite numa única fonte, por melhor que seja”. Quatro, “pesquisar informações é indelegável, pesquise você mesmo…”. E também explicou sobre o Método de Jordan Belfort… E que batizou de… Método Linha Reta. “Nasceu naquela época onde grandes corretoras vendiam as melhores ações para os grandes investidores”. Corretores formados e diplomados pelas melhores escolas. Mas uma grande quantidade de garotos sem dinheiro para a faculdade. E esses garotos tentando vender ações mais baratas para outros e potenciais investidores, as Penny Stocks… Foi então que inventei o Sistema de Vendas em Linha Reta. Você precisa que seu cliente em potencial confie em três coisas. A – No produto que você está oferecendo; B – Na marca por trás do produto; C – Em você. Ou seja, e no fundo, uma estratégia de comunicação. Você tem que se vender como um expert. Quando nós, seres humanos, reconhecemo-nos na frente de um expert, ouvimos e respeitamos o que diz. Mas, lembre-se, você só tem quatro segundos. O cérebro humano julga livros pela capa, acredita em primeiras impressões, e decide baseado nisso. Você tem quatro segundos para tomar conta da conversa. Sendo afiado, entusiasmado, e instigante. Esses, amigos, alguns dos aprendizados e lições do Lobo de Wall Street. Jordan Belfort, de bandido e presidiário agora professor e palestrante…
Negócio

O mundo das cápsulas, ou, a tríplice coroa da Nestlé

O mundo das cápsulas começa no ano de 1970, quando a Nestlé constituiu uma primeira equipe de técnicos para correr atrás de uma hipótese. A hipótese de se criar uma máquina para uso das pessoas, famílias e empresas, também, e que conseguisse produzir um café igual, ou melhor, ao tirado pelos melhores baristas. Todo o trabalho consumiu mais de uma década. Um primeiro protótipo ficou pronto em 1976, a partir do qual a Nestlé requereu a devida patente. 10 anos depois, 1986, decidiu constituir a Nespresso, na cidade suíça de Vevey, em parceria com um fabricante local, a Turmix, começando com uma operação piloto de venda do sistema Nespresso – máquinas + cápsulas – na Suíça e na Itália. Antes da virada da década foi lançado nos Estados Unidos. Exatamente na semana em que o Francisco Madia e o Fabio Madia estavam em Nova York, e conheceram o lançamento no Bloomingdale’s, da 3ª com a Lexington. “Quando fomos nos aproximando do lugar de degustação, aquelas cápsulas metálicas em caixas de madeira mais lembravam bombons…”, contam os Madias. Desde então o business das cápsulas invadiu o mundo, e escalou numa velocidade espetacular. De certa forma, e para dezenas de produtos, começamos a viver o mundo das cápsulas! Mesmo improvável, especialistas garantem que em questão de anos daremos fim às garrafas de refrigerantes, sucos, demais bebidas. O fim do transtorno da logística e distribuição para os fabricantes. O fim de garrafas e latas pesando entre 300 e 700 gramas, substituídas por cápsulas que pesam menos de 10 gramas. E com as máquinas nas casas, “tirando” as diferentes bebidas na hora. Mas, e como não poderia deixar de ser, e na medida em que as patentes da Nespresso expiraram, e hoje existem milhares de empresas que envasam cafés, chás e outras bebidas em cápsulas, vivemos o desafio do descarte. Que, pressionadas, e finalmente, as empresas começam a encarar. Semanas atrás, a Nestlé publicou um encarte nos jornais comentando sobre como vem procedendo para atenuar o acúmulo de cápsulas pela natureza. Demorou, em nosso entendimento para a Nestlé tomar essa decisão e começar a movimentar-se, mas parece que desta vez, e devido a pressões de diferentes organismos, o desafio será encarado com maior responsabilidade. Semanas atrás fez parceria com o Pão de Açúcar para receber o descarte em algumas lojas na cidade de São Paulo. De qualquer maneira, e esse mérito jamais poderá ser tirado, a Nestlé mudou para melhor, para muito melhor, a alegria e prazer de tomarmos um café de ótima qualidade, assim como a cultura de compra e consumo de bebidas. Talvez, nem mesmo a Nestlé tenha se dado conta da importância de sua inovação. E tenha demorado tanto para avançar e ocupar mais posições no território das bebidas, e muito especialmente, dos cafés. Nestlé, a mesma empresa que salvou a cafeicultura do Brasil no ano de 1929, a pedido do governo brasileiro, que não sabia o que fazer com os excedentes de café, em decorrência da quebra da bolsa em Wall Street, e com seu novo método de preparo naquele momento histórico, o Nescafé. O café solúvel. São poucas, raras mesmo, as empresas que conseguem associar de maneira consistente e forte sua marca com três alternativas de alimentos. A Nestlé conseguiu essa proeza. Relacionamos, reconhecemos e testemunhamos a autoridade da Nestlé, nos territórios do leite, do café, e do chocolate. Com total merecimento. Uma empresa tríplice coroada!