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W, o microchip 4004 da Propaganda Brasileira. As MBAs…

Um dia os japoneses da Busicom, 1968, entraram na Intel. Precisavam de uma pecinha para aposentar lápis, papel e borracha. Dois anos depois a Intel entregou a primeira das memórias. O microchip 4004. Gordon More emocionado, ao entregar, disse, “Este microchip vai dobrar de capacidade a cada 18 meses e ter seu preço reduzido pela metade”. No mínimo ingênuo, a multiplicação da capacidade é quase infinita e os preços bateram no chão. Fevereiro de 1984. Vou almoçar no Rodeio, na porta cruzo com o Washington Olivetto. Conheci o Washington em 1971, na Lince Publicidade, do Berco Udler, estagiava com o Sergio Graciotti, Ele e o saudoso Clóvis Calia. Os dois usavam batas e cabelos cumpridos, e tamancos. Tempos de Woodstock. “Madia, tudo bem…?” Aperto de mão, abraço, e ele pergunta, uma vez mais, “quando você vai me ajudar a montar minha agência?”. Conversa vai e conversa vem, me conta de um comercial que acabara de criar a procura de um anunciante. Câmera aberta, praia, um homem correndo e um lindo cão correndo atrás, música. Aproxima-se, e, nhac… dá uma mordida no homem… Finalmente, início de 1986 Washington diz, Madia, se você não montar minha agência vou procurar outro consultor. De janeiro a maio daquele ano, no apartamento do Washington, na Haddock Lobo, uma vez por semana, nos reuníamos para um café e desenho de uma agência inusitada. Que ia ter em seu comando um profissional de criação. Modelo pronto visitei os principais grupos de comunicação, brasileiros e internacionais no Brasil. Todos foram unânimes: “enlouqueceu, uma agência sob o comando de um criativo”. A última da lista era a GGK. E onde trabalhava o Javier Llussa. Final de junho de 1986. Washington volta de Cannes, vai a DPZ e pede demissão. O mercado estava num grau de nervosismo absurdo diante dos boatos que circulavam. E a partir das 12 horas, no Manhattan, restaurante do Zé Victor Oliva começam a chegar os convidados para o almoço/coletiva. Abri a coletiva anunciando a novidade: W/GGK. Alguns jornalistas passaram por mim e diziam, Madia, simplesmente ridículo. Vai dar merda. Não deu. Mudou a história da propaganda brasileira, para melhor, para muito melhor. Os Anos de Ouro da Propaganda Brasileira vão de 1980 a 2010. Nesse meio tempo trabalhamos em outros projetos como a Talent, Expressão, AlmapBBDO, Agênciaclick, DM9DDB, Loducca, Full Jazz, Giovanni, Lew’Lara Propeg, Newcommbates, Neogama. Por obra das circunstâncias a Madia foi a empresa de arquitetura e projetos da Nova Propaganda Brasileira. Que chegou ao fim em 2010, depois no naufrágio da Publicis que comprou muitas das novas agências que foram definhando pelo caminho, com a partida de seus líderes. Na década passada tentativas oportunistas e zero consistência como de uma IBM, ou Accenture, e que rapidamente ou emudeceram, ou tiraram o time de campo por absoluta irrelevância. Uma grande safra, mais para pandemia, das chamadas agências digitais que rapidamente perderão o sentido e razão de ser, dando lugar para a inteligência artificial. Não sobrará pedra sobre pedra… Finalmente, e a partir do ano que vem começam a nascer as verdadeiras substitutas das velhas e boas agências de propaganda. Neste momento, na Madia, estamos encubando 5, e muitas outras nascerão em todos os próximos anos. As MBAs – As Agências de Marketing e Branding… As agências que resgatam o melhor da criatividade das agências dos Anos de Ouro da Propaganda Brasileira, e a capacidade de oferecer contribuições estratégicas relevantes e decisivas para seus clientes. Que jamais esperam pelo briefing. Conhecem as empresas em profundidade, os territórios onde atuam, e antecipam-se. Certificadas pela Abramark. E que adotam o mantra de Drucker, “A melhor forma de prever o futuro é construí-lo…”.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 17/08/2023

Geração Z, os novos Conservadores.
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Negócio

Cancelem 2020! Não, não cancelem!

No século passado, muitos anos ganharam notoriedade e permanecem na lembrança dos historiadores, e muitas pessoas. No caso específico da equipe de consultores da Madia, o grande ano do século passado é o de 1968. Que mereceu centenas de livros, e, dentre esses, talvez aquele que tenha um título que melhor defina 1968. O livro de Zuenir Ventura, “1968, O Ano Que não Terminou”. Em 1968, e dentre os principais registros pontificam a revolta dos jovens em todo o mundo, o festival de Woodstock, a peça Hair, o movimento Hippie, os protestos contra a Guerra do Vietnã, a Primavera de Praga, o assassinato de Martin Luther King, as Revoltas de Maio na França, o movimento Black Power nos Estados Unidos, O massacre de Mỹ Lai, O filme Uma Odisseia no Espaço. No Brasil, Leila Diniz, a morte do estudante Edson Luís, a prisão dos participantes no congresso da UNE, o Pasquim, os supermercados, os shopping centers, o licensing, o franchising, a peça Roda Viva, a Tropicália, Os Mutantes, e muito e muito mais. Nossa referência maior é o lançamento do livro premonitório e monumental do adorado mestre Peter Drucker, “Uma Era de Descontinuidades”. O livro escrito há mais de 50 anos como se tivesse sido lançado ontem. Já 2020 tem garantido para si, mais que em todos os demais anos dos tempos modernos, o título de Ano dos Cancelamentos. Onde tudo, ou quase tudo, foi sendo ou cancelado, ou tendo que encontrar uma nova forma de ser e acontecer. Campeonatos de futebol, jogos olímpicos, aulas nas escolas, lançamentos do que quer que seja, cultos e missas, celebrações, casamentos, aniversários e batizados, feriados, férias, salões de automóvel, produtos, empregos, serviços, estreias, promoções, e a quase totalidade de shows, eventos, festivais, de tudo. E, por aí vai, e como continuaremos assistindo nas primeiras semanas de 2021, e em todos os próximos meses. Assim, podemos concluir que: 2020, o ano onde tudo, ou, quase tudo, foi cancelado. Ou não. Muito especialmente se tivemos um mínimo de sensibilidade para aprender com os patéticos erros cometidos por todos. Muito especialmente por todos aqueles que, supostamente, tinham a missão de dirigir nosso país, estados, municípios. 2020, o ano em que conhecemos o despreparo de nossa lamentável classe política. Pior que despreparo, a abominável fixação que tem, como era atribuído injustamente ao Gerson há atrás, de levar vantagem em tudo. Muito especialmente, e até mesmo, na desgraça. Em meio à pandemia, e onde todos polemizam, até mesmo por insegurança e nervosismo, sobre todos os assuntos, acreditamos que duas coisas são absolutamente incanceláveis, referentes a 2020. O tal do ano de cancelamentos. Jamais cancelaremos os dolorosos aprendizados desta coronacrise, e, jamais cancelaremos nossa consciência de que o formato da democracia que ainda temos já deveríamos ter revisto, ontem. No formato atual estaremos condenados até o final dos tempos a elegermos picaretas, incompetentes, bandidos e corruptos para cuidar de nosso presente e futuro. Ou, também, decidimos cancelar, por ação ou omissão, nosso futuro?