Uma das mais celebradas canções dos Beatles, The Long And Winding Road, diz, “The long and winding road that leads to your door / Will never disappear / I´ve seen that road before…”.
Se no território dos amores e das paixões essa é uma possibilidade, nos negócios, nada a ver.
Quando o cenário é outro, a realidade nova, inusitada e radicalmente diferente, todas as estradas e caminhos desaparecem. Mesmo porque, e se permanecessem, não levariam mais a canto algum.
Isso é o que acontece hoje com todos os setores de atividades e todas as empresas, mais que precisando de uma ação radical, imediata e definita, já. Revolucionarem-se, reinventarem-se. Mudou o cenário, mudou a realidade, como nos lembra Al Ries, “O que nos trouxe até aqui não nos levará mais a canto algum”.
A indústria automobilística que anda por aí, que mudou a história das pessoas, cidades, países, mundo, está mais que ferida de morte. Precisa morrer, e renascer. Não é suficiente renovar-se ou reinventar-se. Precisa colocar um ponto final no que a trouxe até aqui e não a levará mais a canto algum, e começar do zero. Descontaminar-se, blindar-se da cultura antiga, esquecer as glórias e conquistas do passado, e olhar exclusivamente para frente, para não virar estátua de sal como a mulher de Ló. E assim, e cada vez mais nos depararemos com notícias como as desta semana.
A General Motors, onde um dia, 1943/1944 nasce o verdadeiro marketing, LAB do gênio Alfred Sloan Jr. e sensibilidade e ourivesaria de Peter Ferdinand Drucker, aquela que durante 70 anos foi líder mundial do mercado de automóveis, propõe mais um programa de demissões voluntárias para seus empregados no Brasil. Programa mais que rejeitado porque esses empregados sabem que o emprego acabou, e precisam, também se reinventarem, serem preparados, para retornarem a campo não mais com a camiseta de EMP – Empregado, e sim com a novíssima camiseta de PEM – Profissional Empreendedor, e de se oferecerem para a celebração de parcerias muitas e simultâneas, com empresas e outros profissionais empreendedores.
Um dia a velha indústria automobilística no auge da prosperidade e delírio acreditou que em 2020 bateria nos 7 milhões de automóveis fabricados e vendidos no Brasil. No tal do clímax sonhado e delirado, dezembro de 2020, somados e computados todos os dados, nem mesmo nos 2 milhões de automóveis chegou. Menos de 1/3 das previsões…
Repito, novamente. As empresas, setores de atividades completos, continuam tratando a crise monumental que estamos vivendo e tentando superar e atravessar como se fosse conjuntural, tipo, resfriado forte.
Não, não é, é estrutural, uma fenda infinita abriu-se diante de nós, e o mundo em que nascemos e prosperamos até ontem chegou ao fim.
Al Ries e Jack Trout, recomendavam, “Repositioning Or Die”. Não é suficiente. É Revolutioning Or Die. Isso mesmo, começar de novo, do zero, em todos os sentidos.
Nos próximos dois anos todas as montadoras, além da GM, com poucas ou nenhuma exceção, farão rigorosamente o mesmo que a GM faz agora. Tentar empurrar goela abaixo de seus funcionários um Plano de Demissão Voluntária. Que, claro, não será aceito, porque todos não tem a menor ideia do que farão depois.
Num mundo onde deixam de existir empregos e todos terão que se converterem em empreendedores individuais, e aprenderem a trabalhar no formato Sharing, mediante a celebração de PARCERIAS com outros profissionais e empresas. Como diz Neymar, todos, “parças…”.
Lembram das historinhas que ouvíamos de nossos pais e avós, e poucos repetiam para seus filhos, e onde no final ouvíamos: “Acabou-se a história e morreu a vitória…”.
É por aí…