Essa é uma expressão comum no meio e na classe artística. O show não pode parar. É verdade, mas às vezes, impossível não parar. Como agora, e há quase dois anos, por exemplo.

Numa de suas músicas de grande sucesso, o Queen, Fred Mercury, tomaram essa expressão emprestada e colocaram no título. E nos versos descrevem, de certa forma, e premonitoriamente, o que assistimos nos últimos meses, e nestes tempos de pandemia.

“Empty Spaces,/Espaços vazios,
What are we living for?/Pelo que estamos vivendo?
Abandoned places… Lugares abandonados
I guess we know the score./Acho que sabemos os resultados
On and on/de novo e de novo
Does anybody know what we are looking for?/
Alguém sabe o que nós estamos procurando…”.

Grosso modo… Procurando Pela Vida!

E enquanto a vida não retorna em sua plenitude, todos em busca de vacinas e de remédios, para que se resgate um mínimo de perspectiva da volta de uma normalidade, ainda que seja uma nova e diferente normalidade, qualquer normalidade…

E mesmo tendo que “must go on”, o show está absolutamente parado, ou funcionando à baixíssima pressão, em todo o mundo. Tipo, bandeira a meio pau… Quase no chão… Conclusão, uma das empresas mais bem-sucedidas nesse território em nosso país, a T4F, que administrava o UnimedHall, antigo Credicard Hall e Citibank Hall, do empresário Fernando Altério, seguiu vivendo a sua maior e pior crise e, fechou.

Em entrevista para Veja SP, Fernando Altério declarou, “Jamais imaginei viver algo assim em meus quarenta anos de entretenimento…”.

Outros espaços da cidade de São Paulo também mergulharam de cabeça na crise. Na mesma matéria da Veja SP, Marco Antonio Tobal Jr., dono do Espaço das Américas e da Villa Country, comentava, “Demitimos quase todos os funcionários, mas, e mesmo assim, seguimos pagando aluguéis, cuidando da manutenção, mais os impostos…”.

O jovem e talentoso empresário que se notabilizou por resgatar espaços perdidos ou esquecidos, mas com um saldo irrelevante em termos de negócios em suas iniciativas, Facundo Guerra, também na mesma matéria, diz, “antecipamos receitas e teremos que trabalhar sem lucros por anos… Precisei me endividar e atrasar impostos…”.

Por outro lado, o que parecia ser uma solução, ainda que precária, no início, as lives cansaram muito rapidamente, e jamais deixaram qualquer lucro. A situação é tão desesperadora que muitos dos empresários do setor não veem nenhuma outra alternativa pela frente que não seja jogar a toalha, desistir, fechar as portas, e encarar a falência e todas as suas decorrências.

Na música do Village People, Can’t Stop The Music, cantavam, You can’t stop the music, nobody can stop de music… O vírus parou a música, ainda que provisoriamente. E sabe-se lá quando voltará na intensidade e volume de dois anos atrás…

Restam então os versos da canção de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, independente da crise, “E, no entanto, é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar, é preciso cantar e alegrar a cidade…”.

As pessoas, as cidades, o país, o mundo, de tal forma que “a tristeza que a gente tem qualquer dia vai se acabar…”.

Quem sabe, tomara, rezemos, cantemos, depois do Carnaval… Agora!

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