Segue a vida, covid convertendo-se, depois da devastação, numa gripe mais forte que deverá marcar presença de tempos em tempos, e as empresas, sobreviventes, retomando suas atividades. E, dentre essas, os tais de Unicórnios.
A quase totalidade deles, com uma ou duas exceções, e até agora, não conseguiu responder à pergunta clássica que se traduz no bordão da rede de lanchonetes Wendys, dos EUA, Where is the beef? Onde está o lucro.
Para os que não se lembram, uma campanha consagrada de uma pequena rede de lanchonetes, a Wendy’s, questionando as gigantes McDonald’s e Burger King, a respeito do tamanho dos “bifes”, que colocavam em seus lanches.
Repetindo, e por enquanto, duas ou três exceções de Unicórnios que disseram ao que vieram, sobre o velho, consagrado e insubstituível critério do lucro. Caso contrário, convertem-se em instituições de caridade, e, imagino, não é exatamente isso que motiva seus investidores.
Investidores que buscam resultados, ainda que a médio e longo prazo, e não se converterem em doadores de instituições de benemerência. Para isso existem causas melhores e mais nobres. Por exemplo, lemos com atenção e expectativa uma grande matéria sobre um dos Unicórnios brasileiros, a Gympass, hoje expandindo-se internacionalmente, na revista Dinheiro, e assinada pela jornalista Beatriz Pacheco. Quem fala pela empresa é Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil.
Segundo Beatriz, os planos para o ano passado, superada a crise da pandemia, era de um crescimento de 30% apenas no Brasil, de aumentar a presença nos Estados Unidos, aumentar a equipe em 36%, e ultrapassar a casa dos 1,5 mil funcionários até o final daquele ano.
Segue a matéria/entrevista com números exuberantes. Gympass contabiliza 3 mil clientes corporativos ‒ recusa-se a informar o número de usuários da plataforma ‒, mas dentre seus clientes figuram Banco do Brasil, Petrobras, Santander, Unilever, que, somados, totalizam quase 200 mil usuários potenciais da Gympass, mas… quantos de verdade o são, segredo de estado, ou, constrangimento em revelar o verdadeiro número?
É isso, amigos. Ah? Where is the beef, qual o lucro, ou quando poderá se esperar algum tipo de resultado, ou até mesmo qual o faturamento… zero. Não dizem absolutamente nada. Fundada no ano de 2012 e tendo como missão acabar com o sedentarismo no mundo, a partir das dificuldades de um dos fundadores que viajava muito a trabalho de encontrar academias com um preço razoável.
Hoje, e após novo investimento do banco dos sonhos das startups, Softbank, e mesmo sem jamais falar em lucro, já vale, pelos critérios da moda, mais de US$2,2 bilhões. Independente dos mistérios e falta de explicações consistentes de alguns dos Unicórnios sobre seus desempenhos, existem questões mais graves a respeito de seus futuros e viabilidades.
No caso da Gympass, será que ser um nômade de academias é o que executivos, profissionais e empresários mais sonharam para suas viagens e vidas? Ou querem mesmo é continuar usando a academia de suas preferências?
Como um dia Garrincha disse, perguntando, ao técnico Vicente Feola, e depois de ouvir exaustivas explicações como deveria jogar a seleção brasileira diante do que certamente faria a seleção russa…
“Professor, o senhor combinou com os russos?”.